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Satélites serão confundidos com estrelas no céu do futuro, alertam cientistas

Por| Editado por Patricia Gnipper | 02 de Dezembro de 2021 às 12h07

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Victoria Girgis/Lowell Observatory
Victoria Girgis/Lowell Observatory

Como será observar o céu em um futuro próximo, com tantas megaconstelações de satélites na órbita da Terra? É esta a questão que uma equipe de pesquisadores tentou responder em um novo estudo, cujos resultados mostram que 1 em cada 15 pontos brilhantes no céu não serão estrelas, mas sim satélites. Se não houver medidas regulatórias, esses objetos podem mudar completamente o céu noturno em todo o mundo.

No estudo, os autores realizaram algumas previsões de como o céu noturno pode ficar se as empresas seguirem em seus planos de lançar grandes constelações de satélites à órbita da Terra. Para descobrir as consequências da luz refletida pelos satélites, eles criaram um modelo computacional capaz de prever o brilho dos dispositivos em diferentes lugares, horários da noite e estações do ano.

Confira, abaixo, um pouco da simulação do futuro do céu noturno com os satélites:

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O modelo utilizou 65 mil satélites nas órbitas preenchidas pelos Starlink, da SpaceX; os futuros satélites do Projeto Kuiper, da Amazon; os da OneWeb; e, por fim, os da empresa chinesa StarNet/GW. Além disso, como a SpaceX é responsável pela maior quantidade de satélites em órbita, a simulação foi calibrada para corresponder às observações de telescópios desses dispositivos. E os resultados não são animadores.

As simulações mostraram que, em qualquer lugar do mundo, haverá dúzias de satélites visíveis pelo menos uma hora antes de o Sol nascer e uma após o Sol se pôr. A poluição luminosa será tanta que não será possível fugir dela nem mesmo no polo norte. As regiões mais afetadas ficam próximas de Londres, Amsterdã, Berlim, Praga, Kiev, Vancouver e Calgary, onde haverá quase 200 satélites visíveis a olho nu durante toda a noite.

Os impactos das megaconstelações de satélites

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Samantha M. Lawler, astrônoma e autora principal do estudo, observa ainda mais impactos relacionados aos satélites. “Cada lançamento libera partes de foguetes e outros detritos na órbita baixa da Terra, que já está cheia, e aumenta os riscos de colisões”, explica ela. “Parte desse lixo espacial vai cair de volta para a Terra, e as partes do globo com maior densidade de satélites provavelmente serão as mais impactadas — literalmente”, alerta.

No caso da SpaceX, a empresa planeja substituir cada um dos 42 mil satélites planejados após cinco anos de funcionamento. Para isso, a empresa precisa desorbitar, em média, 25 deles por dia. Isso equivale a seis toneladas de material, massa que será depositada na atmosfera superior da Terra. Como eles são formados principalmente por alumínio, podem formar partículas na atmosfera capazes de destruir a camada de ozônio.

Esse é um efeito pouco estudado, já que a órbita baixa — onde fica a maior parte destes satélites — é praticamente livre de regulamentações. Portanto, não há regras sobre a poluição luminosa, a poluição atmosférica dos lançamentos e das reentradas e menos ainda sobre colisões entre satélites. Assim, enquanto as empresas seguem lançando satélites em ritmos agressivos, os impactos no céu noturno, na atmosfera e na segurança da órbita baixa não serão desfeitos mesmo que as empresas forem à falência.

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A autora destaca os benefícios da internet via satélite para usuários em regiões rurais e remotas, mas afirma também que há outras opções de conectividade que não têm impactos tão extremos. “Não podemos aceitar a perda global de acesso ao céu noturno, ao qual fomos capazes de ver e nos conectar desde que somos humanos”, destaca ela. Uma possibilidade seria mudar o design dos satélites para, assim, diminuir os impactos — além de, claro, medidas regulatórias que exijam mudanças do tipo.

O artigo com os resultados do estudo será publicado na revista The Astronomical Journal e pode ser acessado no repositório arXiv, ainda sem revisão de pares.

Fonte: arXiv; Via: The Conversation