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Salmouras podem levar oxigênio "de carona" para oceano da lua Europa, de Júpiter

Por| Editado por Patricia Gnipper | 25 de Março de 2022 às 21h00

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NASA, JPL-Caltech, SETI Institute, C. Phillips, M. Valenti
NASA, JPL-Caltech, SETI Institute, C. Phillips, M. Valenti

A salmoura no interior da camada congelada da lua Europa, de Júpiter, pode estar transportando oxigênio para o oceano do satélite natural, sob o gelo que o cobre. Esta hipótese já havia sido proposta antes, mas em um novo estudo liderado pela Universidade do Texas, os pesquisadores a testaram através de uma simulação computacional do processo baseada na física, a primeira do tipo já realizada.

A lua Europa é um dos locais favoritos quando o assunto é a busca por formas de vida extraterrestres, já que os cientistas detectaram sinais de água e oxigênio por lá, além de compostos químicos que podem servir como nutrientes para tais seres. Além disso, Europa tem uma camada de gelo com mais de 20 km de espessura, que serve como uma barreira entre a água e o oxigênio formado pela luz solar e partículas eletricamente carregadas de Júpiter, que atingem a lua.

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Caso a vida como conhecemos exista no oceano de Europa, precisa haver algum meio para o oxigênio chegar até lá — e, segundo Marc Hesse, autor principal do estudo, o cenário mais plausível com base nas evidências disponíveis atualmente é que o oxigênio seria transportado pela água salgada.

Para os cientistas, há terrenos irregulares se formando sobre as regiões onde o gelo derrete e forma salmouras, que podem ser misturadas com o oxigênio da superfície. Assim, o oxigênio iria "de carona" com a água até terrenos irregulares, que cobrem cerca de 25% desta lua.

O modelo computacional criado pelos autores mostrou que a salmoura pode ser drenada de modo que cria uma espécie de "onda de porosidade", que faz com que os poros do gelo aumentem temporariamente. Com este aumento, a salmoura pode passar por ali, antes que retornem ao tamanho normal. Este modo de transporte parece ser eficiente em transportar o oxigênio através do gelo, com 86% da molécula seguindo da onda até o oceano.

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Hesse comenta que estes resultados trazem uma solução para um dos maiores problemas da habitabilidade do oceano na subsuperfície de Europa. Já Kevin Hand, um cientista que trabalha com pesquisas desta lua na NASA, acredita que o estudo apresenta uma boa explicação para o transporte do oxigênio.

“Sabemos que Europa tem compostos úteis, como o oxigênio na superfície, mas eles vão para o oceano, onde a vida pode usá-los? No trabalho de Hesse e seus colaboradores, a resposta parece ser sim”, disse.

Já Steven Vance, cientista e pesquisador no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e coautor do estudo, acredita que as estimativas mais altas colocariam os níveis de oxigênio da lua Europa em um patamar similar àqueles dos oceanos terrestres, o que aumenta as expectativas para o potencial daquele oxigênio dar apoio à vida no oceano.

Para Vance, a missão Europa Clipper, com lançamento estimado para 2024, poderá ajudar a aprimorar as estimativas para o oxigênio e outros ingredientes para a vida por lá.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Geophysical Research Letters.

Fonte: Geophysical Research Letters; Via: University of Texas