Rússia quer levar seus cosmonautas para a nova estação espacial da China
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 22 de Junho de 2021 às 11h40
Neste mês de junho, foi realizado o evento Global Space Exploration Conference (GLEX), em São Petersburgo, na Rússia. Durante uma coletiva de imprensa na conferência, Dmitry Rogozin, diretor geral da Roscosmos, revelou que a Rússia está em discussões com a China sobre levar cosmonautas à nova estação espacial chinesa Tiangong-3, por meio de lançamentos feitos a partir da própria Rússia ou da Guiana Francesa.
- China e Rússia se unem e encaram nova corrida espacial com os EUA
- China e Rússia revelam como será a construção de sua base na superfície da Lua
- Como a China quer levar astronautas a Marte e firmar a presença humana por lá?
No evento, Rogozin recebeu uma pergunta sobre possíveis lançamentos tripulados ou de cargas para a estação orbital do país asiático, e afirmou que a Rússia tem planos para levar seus cosmonautas para lá. De acordo com ele, a estação chinesa tem inclinação orbital diferente daquela da Estação Espacial Internacional (ISS), além de ser acessível pelo Cosmódromo de Vostochny, na Rússia, e do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. Além disso, ele mencionou também que o país estuda a possibilidade de atualizar a base de Kourou para poder lançar missões tripuladas.
Isso porque lançar cosmonautas à estação espacial chinesa será um desafio: os cosmódromos russos ficam em latitudes mais altas que aquelas que as naves Soyuz precisariam para alcançar a estação e, além disso, elas teriam que realizar manobras para ficar na inclinação certa, o que resulta em maior gasto de combustível — e ainda haveria o risco de estágios do veículo de lançamento caírem no território chinês. A Rússia já discute com a China a possibilidade de mudança na inclinação orbital da estação, para que os russos possam se envolver no projeto.
Uma possibilidade seria lançar uma nave Soyuz a partir do centro de lançamentos da Agência Espacial Europeia (ESA) em Kourou, na Guiana Francesa, mas, mesmo assim, seria preciso fazer algumas mudanças na estrutura da base para os lançamentos tripulados, já que os lançamentos russos por lá levam somente satélites para a órbita. Segundo informações da ESA, a agência espacial vem realizando estudos de sistemas relacionados à infraestrutura necessária para lançamentos tripulados.
Caso alguma decisão seja tomada sobre estes voos durante a próxima reunião ESA Ministerial Council 2022, a agência estará preparada para realizar as mudanças necessárias de infraestrutura. Claro, a China até poderia realizar lançamentos de parceiros internacionais na cidade de Jiuquan, mas para estrangeiros participarem das missões chinesas Shenzhou seria necessário realizar um longo período de treinamento conjunto e de aprendizado de idiomas.
Pois é, ainda há vários desafios diplomáticos e técnicos pela frente até vermos cosmonautas na nova estação espacial chinesa. A China recentemente enviou sua primeira tripulação para o módulo Tianhe, o central da nova estação espacial, e os taikonautas Nie Haisheng, Liu Boming e Tang Hongbo passarão três meses a bordo. A Estação Espacial Chinesa (CSS) deverá ser finalizada em 2022, e é esperado que possa abrigar tripulações durante pelo menos 10 anos.
Fonte: Space.com