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Risco de asteroides atingirem a Terra pode ser maior do que se pensa

Por| Editado por Patricia Gnipper | 21 de Março de 2023 às 11h38

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Reprodução/CoolVid-Shows/Pixabay
Reprodução/CoolVid-Shows/Pixabay

É possível que os vestígios deixados por impactos de grandes asteroides na Terra nos últimos milhões de anos tenham sido interpretados equivocadamente. Se este for o caso, o risco de algum deles atingir a Terra pode ser maior do que pensamos. A conclusão é de um estudo liderado por James Garvin, cientista chefe do Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA, que trabalhou com imagens de satélite e apresentou os resultados durante a 54ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária, realizada na última semana.

Com um catálogo de imagens de satélite em alta resolução, Garvin e seus colegas criaram mapas tridimensionais de quatro crateras e usaram um algoritmo para procurar padrões circulares no relevo. Assim, eles descobriram grandes anéis ao redor de três crateras de impacto, junto de um que parece ter um milhão de anos ou menos.

Para ele, os anéis implicam que as crateras são, na verdade, dezenas de quilômetros maiores, e que talvez indiquem eventos mais violentos do que se pensava. Como a água e o vento apagam rapidamente a maioria das crateras na Terra, os pesquisadores costumam estimar as taxas de impacto a partir do tamanho e idade de crateras na Lua, onde não há atmosfera e nem erosão causada por fenômenos do tipo. Ainda, eles estudam também o tamanho dos asteroides próximos do nosso planeta, com potencial para atingi-lo no futuro.

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Com base nestes dois métodos, os pesquisadores estimam que asteroides e cometas com pelo menos um quilômetro de diâmetro atingem a Terra a cada 600 ou 700 mil anos. Entretanto, o novo estudo sugere que, somente nos últimos milhões de anos, objetos com quatro quilômetros de extensão mergulharam nos continentes — e, se considerarmos que a maior parte da Terra é coberta por água, isso indica que até uma dúzia deles atingiu nosso planeta.

Se eles estiverem corretos, isso significa que cada impacto causou uma explosão pelo menos 10 vezes mais violenta que a maior bomba nuclear da história. Estes eventos poderiam ter expelido para da atmosfera terrestre ao espaço e, embora não sejam tão destrutivos quanto o impacto que dizimou os dinossauros, poderiam afetar o clima e causar extinções locais.

Anna Łosiak, pesquisadora de crateras na Academia Polonesa de Ciências, duvida que as formações em anéis identificadas pela equipe sejam realmente bordas de crateras. “Mas, se forem, isso seria muito assustador, porque iria significar que realmente não entendemos o que está acontecendo e que há muitas rochas espaciais que podem vir e fazer uma bagunça”, alertou.

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Mas muita calma nessa hora, já que até Garvin reconhece que o estudo trouxe resultados extraordinários, que exigem comprovações igualmente extraordinárias. “Não provamos nada”, disse ele.

Devido à ausência de trabalho em campo para apoiar as conclusões, os cientistas que estudam impactos estão céticos, já que elas se desviam bastante de outras taxas de impacto. “Quero ver muito mais antes de acreditar nisso”, observou Bill Bottke, dinamicista planetário no Instituto de Pesquisa Sudoeste, em Colorado, nos Estados Unidos.

Brandon Johnson, cientista planetário da Universidade de Purdue, acredita que os autores precisam de mais evidências para seus resultados terem mais força. Primeiro, caso as mudanças climáticas causadas por impactos desta proporção tenham ocorrido, elas devem ter deixado marcas em núcleos rochosos ou sedimentos no oceano. Além disso, os pesquisadores precisam visitar os locais dos anéis para procurar rochas deformadas e variações gravitacionais que indiquem que realmente há crateras deixadas por impactos de rochas espaciais ali.

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O artigo com os resultados do estudo foi disponibilizado no site da conferência.

Fonte: 54th Lunar and Planetary Science Conference 2023; Via: Science