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Rajada de rádio emitida por magnetar ocorreu logo após "falha" em sua superfície

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Sophia Dagnello/NRAO/AUI/NSF
Sophia Dagnello/NRAO/AUI/NSF

Em 5 de outubro de 2020, um magnetar localizado a cerca de 30.000 anos-luz de distância da Terra desacelerou sua rotação e emitiu sinais estranhos em ondas de rádio. O evento chamou a atenção de muitos astrônomos e, agora, um novo estudo pode dar novos rumos às investigações.

O objeto SGR 1935+2154 é um remanescente de estrela morta conhecido como estrela de nêutrons. Quando esse tipo de “cadáver” estelar possui campos magnéticos absurdamente poderosos, é chamada de magnetar.

Quando o SGR 1935+2154 passou a emitir ondas de rádio em 2020, por se tratar de uma ocasião rara, observatórios em todo o mundo receberam um sinal de alerta. Um dos interesse dos astrônomos nesse tipo de evento é tentar descobrir se magnetares são os responsáveis pelas misteriosas rajadas rápidas de rádio.

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Com as medições oportunas de telescópios orbitais, o astrofísico Matthew Baring, da Rice University, reuniu seus colegas para testar uma nova ideia para explicar o que aconteceu com o SGR 1935+2154.

A proposta dos autores é que o evento foi uma espécie muito estranha de falha (glitch, em inglês; aumentos abruptos na velocidade de rotação causados ​​por mudanças no interior da estrela). Em uma falha normal, a superfície de uma estrela diminui sua velocidade de rotação, mas o núcleo continua em sua movimentação normal.

Isso resulta em uma tensão entre as duas regiões e, por fim, na transferência da energia de rotação interior para os níveis superiores do objeto. Por outro lado, na anti-falha proposta pelo novo artigo, uma aceleração repentina da superfície seria causada por uma ruptura semelhante à erupção de um vulcão — exceto que, no lugar de lava, a estrela emite um vento de partículas massivas no espaço.

Esse vento teria alterado a velocidade da superfície e os campos magnéticos da estrela, gerando as condições necessárias para possibilitar as emissões de rádio medidas em 2020.

Além disso, os autores destacam que a anti-falha ocorreu pouco antes da rajada rápida de rádio, uma coincidência que sugere uma mesma causa para ambos os eventos. Ainda não se sabe qual o mecanismo ativou essa sequência, mas os cientistas esperam descobrir em breve. Em última análise, os segredos do SGR 1935+2154 podem enfim revelar todos os mistérios sobre as inúmeras rajadas rápidas de rádio que chegam do universo.

O artigo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Fonte: Rice University, Nature Astronomy