Projeto de financiamento para a NASA pode salvar importantes missões ameaçadas
Por Daniele Cavalcante |
Programas e projetos científicos da NASA ameaçados por uma proposta de orçamento da Casa Branca podem ser salvos por outra proposta - não menos polêmica - enviada pela Câmara dos Estados Unidos no início deste mês. Mas isso pode custar caro. Se a proposta da Câmara for aprovada, os astronautas norte-americanos podem não pousar na Lua em 2024, conforme determinado pela administração Trump.
No dia 8 de julho, o House Appropriations Committee (comitê da câmara responsável pela aprovação de projetos de orçamento, ao lado de outro comitê do Senado) propôs um orçamento para o próximo ano fiscal da NASA de US$ 22,63 bilhões, a mesma quantia que a agência recebeu para 2020. A Casa Branca, por sua vez, havia solicitado um aumento de 12% em relação ao financiamento aprovado no ano anterior.
A disputa política no cerne desse debate é que a Casa Branca deseja cumprir o cronograma da NASA de enviar astronautas de volta à Lua até 2024. Alguns representantes da Câmara, no entanto, acreditam que o prazo é apertado e arriscado demais, e tal agenda é motivada por fins políticos. Por um lado, o valor de US$ 22,63 bilhões não é o suficiente para pousar na Lua; por outro, favorece os programas científicos que poderiam ser encerrados com a proposta da Casa Branca.
Entre os projetos que seriam cancelados com o orçamento da Casa Branca, estão a CLARREO (missão para quantificar e atribuir com precisão as mudanças climáticas da Terra), a PACE (missão que observará a cor do oceano, a biogeoquímica global e o ciclo do carbono), o WFIRST (observatório espacial infravermelho atualmente em desenvolvimento) e o SOFIA (o maior observatório aéreo do mundo).
No entanto, um novo projeto de lei de um subcomitê da Câmara, anunciado na última segunda-feira (13), pretende restaurar o financiamento para missões e projetos científicos da NASA que a proposta de orçamento do governo procurava cancelar no ano fiscal de 2021. Este mesmo subcomitê relatou favoravelmente ao projeto apresentado no dia 8, e o assunto será discutido nesta terça-feira (14).
O relatório do subcomitê criticou fortemente o que é chamado de “mudança sinistra” da ciência e dos programas educacionais, para favorecer os programas de exploração que, segundo eles, estavam sendo financiados apenas para fins políticos. “Esses programas estão sendo apressados para cumprir um cronograma com motivação política para colocar novamente os seres humanos na superfície lunar da Lua em pouco mais de quatro anos”, afirma o relatório. “Para financiar essa expansão maciça, o governo optou por reduzir ou eliminar muitos programas legados críticos”, conclui o texto.
Além das missões mencionadas, o projeto da Câmara os programas de educação da NASA. Na ciência planetária, o orçamento proposto fornece US$ 11 milhões para operações contínuas da espaçonave Mars Odyssey, uma missão orbital de Marte lançada em 2001, que a agência havia proposto desligar na solicitação de orçamento para o Programa Artemis.
A missão Europa Clipper da NASA receberia os US$ 403,5 milhões, o valor que a NASA pretendia obter. Trata-se de um satélite projetado para investigar Europa, lua de Júpiter. Apesar das críticas ao calendário do Programa Artemis, o projeto de financiamento diz pouco sobre o programa Human Landing System, o módulo de pouso que levará os astronautas à superfície lunar. A Câmara fornece US$ 628,2 milhões a este projeto, contra uma solicitação da Casa Branca de mais de US$ 3,3 bilhões.
Já o desenvolvimento do foguete Space Launch System, recebe mais de US$ 340 milhões acima da solicitação, incluindo instruções para continuar o desenvolvimento do Exploration Upper Stage para a versão Bloco 1B do foguete. Por fim, o relatório aumenta o financiamento do programa Flight Opportunities da NASA, que realiza testes de pesquisa suborbital, para US$ 30 milhões.
O projeto do Comitê da Câmara ainda será debatido e colocado de frente para a proposta do Senado, que ainda deve ser apresentado. Só então o orçamento será decidido com base nos argumentos de cada proposta.
Fonte: Space News