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Planeta anão Quaoar tem mais um anel "impossível" ao seu redor

Por| Editado por Patricia Gnipper | 03 de Maio de 2023 às 11h51

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NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (SSC-Caltech
NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (SSC-Caltech

O asteroide Quaoar tem mais anéis do que se pensava. É o que descobriram pesquisadores liderados por Chrystian Luciano Pereira, doutorando do Observatório Nacional, que identificaram a segunda estrutura ao redor do objeto apenas dois meses após a descoberta do primeiro anel cercando Quaoar.

Quaoar tem mais de mil quilômetros de diâmetro e é considerado um objeto transnetuniano (“TNO”, na sigla em inglês), nome dado àqueles que orbitam uma região além da órbita de Netuno. Os TNOs são de interesse dos astrônomos porque são como fósseis da formação do Sistema Solar e, por isso, podem ajudar na compreensão das origens do nosso “quintal espacial”.

A descoberta do novo anel é resultado dos dados observacionais de Q1R, designação do primeiro anel. Através de uma campanha observacional com diferentes telescópios e o uso da técnica de ocultação estelar, os pesquisadores descobriram que o segundo, chamado Q2R, tem cerca de 10 km de largura e está mais próximo de Quaoar que o primeiro, orbitando-o a 2.520 km do centro do TNO.

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A distância do anel mostra como Quaoar é um sistema complexo: os dois anéis estão além do limite de Roche para o objeto, uma espécie de linha imaginária que determina a distância mínima à que um objeto pode se aproximar de outro sem ser rompido pela gravidade deste.

Se um objeto está dentro do limite, ele deveria ser desintegrado, formando um anel de partículas ao redor do corpo central. Já no caso dos anéis de Quaoar, eles deveriam formar um satélite de estrutura íntegra, como nossa Lua, mas não foi isso que aconteceu.

Para tornar o sistema ainda mais intrigante, o anel mais externo orbita Quaoar perto de uma região de estabilidade, formada por ressonância de 1:3; ou seja, conforme Quaoar completa três voltas, seu anel completa uma. Já o mais interno está perto da região de ressonância 5:7; portanto, Quaoar completa sete voltas, e enquanto isso, o anel completa cinco delas.

Segundo os autores, este comportamento também ocorre em Chariklo e Haumea, outros pequenos objetos do Sistema Solar com anéis. “Isso sugere que as ressonâncias podem estar intimamente relacionadas com a manutenção e localização desses anéis”, observaram os autores. Outra possibilidade é que eles sejam mantidos com a ajuda de satélites “pastores” ainda não descobertos.

Por fim, eles destacam que estudos futuros sobre a forma de Quaoar, somados a novas observações dos anéis, vão ajudar na compreensão do sistema, bem como as formas como a ressonância pode ajudar a manter e confinar os anéis onde estão.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics Letters.

Fonte: Astronomy & Astrophysics Letters; Via: Observatório Nacional