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Passagem bíblica pode conter o registro mais antigo de um eclipse solar

Por| Editado por Rafael Rigues | 30 de Maio de 2022 às 17h10

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NASA/Bill Ingalls
NASA/Bill Ingalls

Um intrigante evento relatado na Bíblia, mencionando tanto a Lua quanto o Sol, pode ser a primeira descrição de um eclipse solar. Se a descoberta, liderada pela University of Cambridge, for confirmada, será o eclipse solar mais antigo já registrado, datado de 1.207 a.C. (antes de Cristo).

No livro bílico de Josué, no Antigo Testamento, uma passagem diz: “Sol, detém-te [hebraico “dôm”] em Gibeão, e tu, Lua, no vale de Aijalom”. E continua: “e o Sol se deteve [do hebraico “amad”], e a Lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos” (Josué 10:12, versão ACF).

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Os pesquisadores explicaram que o hebraico “dôm” significa “estar em silêncio, mudo ou quieto”. Já o termo “armad”, é uma palavra mais ampla, que significa “parar ou ficar”. Ambos os termos sugerem que Sol e Lua “pararam de se mover”, acrescentaram.

No entanto, o melhor significado dessas expressões é de que o Sol e a Lua pararam de brilhar, sugerindo a ocorrência de um eclipse solar, quando o satélite natural da Terra encobre o Sol a partir do ponto de vista de um observador terrestre.

Em outra passagem posterior do mesmo livro, uma trecho acrescenta que o Sol “não se apressou em se pôr quase um dia inteiro”. Os autores do estudo acreditam que isso aconteceu devido à queda na luminosidade dos astros durante o fenômeno próximo ao anoitecer.

Estimando a data do possível eclipse solar

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Com base no histórico dos eclipses solares, os pesquisadores estimaram que, por volta das 15h30 (horário local) na antiga Canaã, a luz do Sol começou a diminuir até que por volta das 16h30 o brilho era 10 vezes menos intenso, quando tudo escureceu.

"Por volta das 17h10, o nível de iluminação teria sido um pouco restaurado antes de anoitecer e, em seguida, o Sol finalmente se pôs por volta das 17h38”, apontaram os autores. Àquela época, a queda no brilho do Sol só poderia ser interpretada pelos israelitas como a “ordem natural das coisas”, ou seja, um mero crepúsculo.

Os pesquisadores também especularam que os israelitas, conscientes do movimento dos astros, teriam aproveitado o dia escurecido para mascarar um ataque inicial em Gibeão. "Descobrimos que o único eclipse anular visível de Gibeão entre 1500 e 1050 a.C. foi em 30 de outubro de 1.207 a.C., à tarde", acrescentaram.

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Além de fornecer uma nova peça para refinar as datas de certos faraós egípcios, como Ramsés II, o Grande, a descoberta, se confirmada, pode ajudar a estender os cálculos usados para as mudanças na taxa de rotação da Terra de maneira confiável entre 700 a.C até 1.200 a.C., disseram os pesquisadores.

O trabalho foi relatado na revista Astronomy and Geophysics.

Fonte: Astronomy and Geophysics, Via IFLScience