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Oumuamua | Cientistas seguem tentando entender o polêmico visitante interestelar

Por| Editado por Patricia Gnipper | 16 de Novembro de 2021 às 14h08

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ESA/HUBBLE, NASA, ESO, M. KORNMESSER
ESA/HUBBLE, NASA, ESO, M. KORNMESSER

O objeto interestelar o 1I/ʻOumuamua voltou a ser tópico de debate entre astrônomos. Em maio, um estudo mostrou que ele poderia ser um pedaço de gelo de nitrogênio arrancado de um exoplaneta similar a Plutão, contrariando as hipóteses um tanto quanto exageradas de que se trataria de uma sonda alienígena. Agora, os astrofísicos Amir Siraj e Abraham "Avi" Loeb contestaram a explicação do nitrogênio. Eis o que eles argumentam.

Em 2017, o visitante interestelar passou pelo Sistema Solar e apresentou um comportamento que os astrônomos nunca haviam visto antes. Com aceleração não-gravitacional, formato difícil de distinguir, de composição desconhecida e reflexividade peculiar, o Oumuamua intrigou cientistas de todo o mundo, entre eles, alguns que até hoje afirmam se tratar de um objeto artificial — é o caso de Loeb. Entretanto, em março deste ano, um estudo apresentou uma explicação muito convincente.

Os autores dos artigos de março, Alan Jackson e Steve Desch, mostraram que o objeto poderia ser feito de um bloco de gelo de nitrogênio. Isso explicaria a alta velocidade ao se aproximar do Sol: ao derreter com os raios solares, o gelo gerou um impulso, mais ou menos como ocorre com os foguetes quando são lançados ao espaço. Ninguém havia encontrado sinais de vapor ao observar o Oumuamua porque o vapor de nitrogênio é mais difícil de detectar.

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A ideia foi muito bem recebida pela comunidade em geral e o assunto parecia esfriar, quando Siraj e Loeb publicaram um novo estudo contestando essa proposta. A dupla, conhecida pelos principais artigos que defendem a hipótese de que o Oumuamua é uma nave alienígena, afirma haver erros nos cálculos de Jackson e Desch. "No momento em que vi aqueles artigos, soube que não havia mecanismo físico para que funcionasse", disse Siraj, referindo-se ao estudo sobre o gelo de nitrogênio.

De acordo com o novo artigo, não há nitrogênio suficiente no universo para fazer um objeto como o Oumuamua, que mede entre 400 e 800 m de comprimento e possui entre 35 e 167 m de largura. O nitrogênio puro é raro, de acordo com Siraj, e foi encontrado apenas em Plutão, onde representa cerca de 0,5% da massa total. Mesmo se todo o nitrogênio do universo fosse removido de todos os planetas parecidos com Plutão que existiam, não haveria nitrogênio suficiente para compor o Oumuamua.

Siraj e Loeb calcularam que a massa de um "exoplutão" (exoplaneta semelhante a Plutão) necessária para fazer um iceberg de nitrogênio do tamanho do Oumuamua excederia a massa das estrelas, exigindo mais de 60 vezes a massa por estrela necessária para formar todos os planetas em nosso Sistema Solar. "Mas isso é loucura", disse Siraj. "É absurdo." Se os raios cósmicos forem considerados, precisaríamos de mil vezes a massa total das estrelas na galáxia para gerar todos os "exoplutões" necessários para construir o Oumuamua.

No entanto, Jackson e Desch disseram que o cálculo que eles usaram do número de fragmentos de nitrogênio voando no espaço foi cuidadoso, e não se trata de uma superestimativa. Para a dupla, os números usados em março eram consistentes com pesquisas anteriores que previam quantos objetos semelhantes a Oumuamua existem no espaço. "Siraj e Loeb não descobriram que cometemos um erro e, portanto, deveriam ter aceitado os números que obtivemos", disse Desch. "Em vez disso, eles tentaram seu próprio cálculo final e fizeram um grande número de aproximações e estimativas, e chegaram a números diferentes".

Desch afirmou ainda que os autores do novo artigo calculam que a massa necessária para fazer Oumuamua era muito alta porque usaram uma estimativa muito alta para o número de objetos semelhantes ao Oumuamua no espaço. "Eles estão tentando fabricar polêmica quando não existe nenhuma", disse. Por fim, Siraj considera o assunto como "não resolvido" e, por isso, a possibilidade de origem artificial segue em discussão. O

artigo foi publicado pela New Astronomy.

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Fonte: Space.com