Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Missão ousada de perseguir objeto interestelar Oumuamua pode ser lançada em 2030

Por| 16 de Março de 2020 às 15h45

Link copiado!

ESO
ESO

Em outubro de 2017, um astrônomo descobriu um objeto interestelar visitando o Sistema Solar. Conhecido como 1I/'Oumuamua, o visitante deixou a comunidade científica bastante intrigada, com sua trajetória altamente hiperbólica e natureza incerta. Agora, enquanto o objeto se afasta do Sol em alta velocidade, uma equipe quer ir atrás dele para explorá-lo.

Esse é o objetivo do Projeto Lyra, uma missão proposta por uma organização britânica sem fins lucrativos chamada Initiative for Interstellar Studies. O grupo já havia anunciado o projeto duas semanas após a descoberta do 1I/'Oumuamua, mas, agora em maio, a revista científica Acta Astronautica publicará a versão atualizada da missão.

No entanto, o Projeto Lyra, caso seja levado adiante, enfrentará grandes desafios logísticos, financeiros e científicos - sendo o primeiro deles a velocidade com que o 1I/'Oumuamua está viajando para fora do Sistema Solar. A cada ano, ele se afasta de nós aproximadamente a mesma distância entre a Terra e Júpiter.

A NASA já tentou observar o 'Oumuamua no final de 2018, usando um poderoso telescópio espacial chamado Spitzer, mas não encontrou nada no lugar onde as simulações de sua trajetória apontaram. De acordo com David Trilling, autor principal do estudo naquela ocasião, isso provavelmente aconteceu porque o objeto seria muito menor do que se imaginava. Por isso "o fato de o Oumuamua ser muito pequeno para o Spitzer detectar é, na verdade, um resultado valioso", segundo o pesquisador.

Continua após a publicidade

Mas isso também significa que uma missão de perseguição ao objeto seria bastante complicada. Além da alta velocidade - em 2018 ele se afastava a 112 mil km/h - ele está cada vez mais difícil de detectar com os telescópios da Terra. Atualmente, ele viaja quase duas vezes a velocidade da Voyager 1, a nave espacial mais rápida já construída. Nesse ritmo, ele entrará no espaço interestelar em algum momento no final da década de 2030.

Ainda assim, o Projeto Lyra, “pelo menos a princípio, é alcançável", de acordo com Adam Hibberd, voluntário da iniciativa que criou o software para projetar a trajetória da missão. "O possível retorno científico seria tremendo e poderá alterar fundamentalmente nossa compreensão de nosso lugar no universo".

Para alcançar o objeto, o Projeto Lyra propõe o lançamento de uma espaçonave em um dos foguetes mais poderosos do mundo - o Falcon Heavy da SpaceX ou o Space Launch System (SLS) que ainda será inaugurado pela NASA. Além disso, eles contam com um “empurrãozinho” da gravidade de Júpiter e do Sol para lançar a nave em direção ao Oumuamua. A sonda seria equipada com um foguete que dispararia ao girar em torno do Sol, ajudando na aceleração.

Continua após a publicidade

A proposta do Projeto Lyra sugere o lançamento da espaçonave em 2030. Ela interceptaria um Oumuamua por volta de 2049, quando o objeto estiver cerca de cinco vezes mais longe do que Plutão. Para fins de comparação, a Voyager 1, a construção humana que chegou mais longe no espaço interestelar em toda a história, viajou 24 bilhões de quilômetros em 40 anos. A sonda do Project Lyra teria que viajar 30 bilhões de quilômetros na metade desse tempo.

Embora a Initiative for Interstellar Studies planeje publicar os projetos da espaçonave do Projeto Lyra, é difícil prever se ela será, de fato, construída. Afinal, trata-se de uma organização independente que necessitaria de muito investimento para uma missão ambiciosa como esta.

Seja como for, o conceito do projeto pode ser muito útil - é que a NASA e outras organizações também estão cogitando viagens interestelares, e estudos como este podem ser encorajadores e apresentar soluções para futuras missões reais. Assim, mesmo que o Projeto Lyra acabe ficando no papel, ainda poderemos aproveitar a ideia para os próximos visitantes interestelares que passarem por aqui.

Continua após a publicidade

Fonte: Wired