Observatório de Arecibo: equipes de especialistas investigam causas do acidente
Por Daniele Cavalcante | 15 de Setembro de 2020 às 13h04
Há pouco mais de um mês, o Observatório de Arecibo sofreu um acidente em seu prato refletor, forçando uma pausa nas atividades da instalação por tempo indeterminado. Localizado em Porto Rico, ele foi durante muito tempo o maior radiotelescópio fixo do mundo e entrou para a história ao ser usado para enviar uma mensagem a civilizações alienígenas, em 1974.
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O dano foi causado quando um cabo auxiliar de 7,62 metros se quebrou durante as primeiras horas da manhã do dia 10 de agosto e atingiu o Gregorian Dome, além de torcer uma plataforma de acesso antes de aterrissar no prato refletivo. Localizada acima do prato refletor, esta cúpula abriga o sistema abriga o receptor multifeixe ALFA, que funciona em conjunto com o prato principal e fornece maior flexibilidade.
Mas o que causou o acidente que rompeu o cabo? Essa é a pergunta que equipes de técnicos do observatório e da University of Central Florida (UCF) querem responder.
Nas últimas semanas, esses técnicos se reuniram com mais de 40 especialistas de diversas áreas e iniciaram uma investigação e um cronograma de reparos. Também foi formada uma equipe de engenharia e segurança para fazer inspeções diárias, enquanto outros técnicos avaliam estado atual da estrutura do observatório. O próximo passo será a criação de uma análise estrutural utilizando modelagem computacional.
Esses processos revelarão se outras áreas do telescópio correm maiores riscos e ajudarão a definir o que será necessário para realizar os reparos e quais serão os custos. Só então essas poderão tentar recuperar uma parte do cabo partido para fazer uma análise forense para, enfim, descobrir o que aconteceu naquela manhã de segunda-feira. Essa demora não é à toa — trata-se de uma instalação complexa e há muitos procedimentos a se tomar antes de enviar equipes para recuperar as peças danificadas.
Além da colaboração da NASA, quatro empresas foram contratadas para ajudar a coordenar os processos, desde a investigação aos planos de reparos. São elas a WSP, Thornton Tomasetti, WJE and Associates e a Pfeifer Wire. O Gregorian Dome já foi movido para seu modo de segurança e testes funcionais básicos mostraram que não houve nenhum dano nos componentes eletrônicos dentro da cúpula.
O Observatório de Arecibo deve publicar atualizações à medida que atinge alguns marcos-chave para a investigação, tais como a remoção do cabo e do soquete com falha. Também será divulgado o plano e o cronograma de reparos temporários assim que forem determinados pela equipe técnica.
Conhecido pela mídia como “telescópio que busca por extraterrestres”, o observatório foi o protagonista da famosa transmissão de sinal conhecida como “Mensagem de Arecibo”. Ela foi enviada em 16 de novembro 1974 ao espaço com informações sobre o planeta Terra e a civilização humana. Outras áreas pesquisas importantes na instalação incluem galáxias e pulsares, cada uma com direito com um terço do tempo de observação do telescópio; o último terço é reservado aos estudos da ionosfera.
Fonte: UCF