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O que são planetas anões?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 08 de Dezembro de 2021 às 14h39

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NASA
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Muito se fala sobre eles, mas o que são planetas anões? Em resumo, planetas anões são corpos celestes que orbitam o Sol, têm massa suficiente para terem formato esférico, não limparam a órbita ao seu redor e não são satélites naturais de outros planetas.

Essa é a definição da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) de o que é planeta anão. Podemos entender também que eles são pequenos demais para serem considerados planetas propriamente ditos, mas são grandes demais para entrarem em outras categorias, como asteroides, por exemplo. Então, sim, o planeta anão é maior que um asteroide — porém, menor do que o menor dos planetas.

A definição da IAU foi estabelecida em 2006, o mesmo ano em que foi descoberta a existência de objetos além da órbita de Netuno, cujos tamanhos eram comparáveis ao de Plutão. Desde então, o nome “planeta anão” vem sendo empregado para descrever vários objetos presentes no Sistema Solar e acabou derrubando o sistema de classificação antigo, que estabelecia a existência de nove planetas na nossa vizinhança. Ou seja, foi naquele ano que Plutão foi "rebaixado", deixando de ser um planeta e fazendo parte da categoria de planeta anão.

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O termo "planeta anão" trouxe confusão e controvérsia, rendendo questionamentos sobre sua precisão e se realmente seria aplicável a objetos "especiais" como Plutão, estudado de perto pela sonda News Horizons em 2015. Hoje, os astrônomos calculam que mais alguns objetos podem receber esta classificação nos próximos anos, e cerca de 200 ou até mais podem existir na região do Cinturão de Kuiper.

Nesta matéria, você descobre o que são os planetas anões e conhece os mais notáveis deles!

O que é um planeta anão?

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Para entender melhor os planetas anões, vamos começar, primeiro, pela definição de planeta. Segundo a IAU, para algum objeto do Sistema Solar ser considerado um planeta, ele deve:

  • orbitar o Sol
  • ter massa suficiente para ter equilíbrio eletrostático (que permite a forma esférica)
  • ter limpado objetos menores de sua órbita

E é exatamente no terceiro item da lista acima que as diferenças começam. Os planetas são capazes de atrair ou expulsar objetos menores que estejam em suas órbitas, algo que os planetas anões não conseguem fazer por não terem massa suficiente. Este foi o que critério que mais rendeu críticas de astrônomos: Alan Stern, investigador principal da missão New Horizons, argumentou que a Terra, Marte, Júpiter e Netuno não limparam completamente os detritos de suas zonas orbitais e, ao contrário de Plutão, são considerados planetas.

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Apesar de a classificação de planeta anão ter sido dada a Plutão em 2006, Stern ainda se referia a este mundo como planeta em 2011 — e considerava outros planetas anões, como Ceres, Eris e até grandes luas, como planetas. Entretanto, outros astrônomos levam em conta que, mesmo não tendo limpado suas órbitas, os grandes planetas do Sistema Solar têm controle completo dos outros objetos em suas zonas orbitais.

Mais recentemente, a discussão sobre os planetas anões se estendeu também para exoplanetas. Como as técnicas para identificar objetos que não fazem parte do Sistema Solar não podem determinar diretamente se o objeto em questão conseguiu “limpar a órbita”, a IAU estabeleceu uma definição voltada para os exoplanetas. Ela define que, para um objeto extrasolar ser considerado um planeta, ele precisa ter um mínimo de massa e tamanho conforme aqueles adotados para o Sistema Solar.

Exemplos de planetas anões mais conhecidos

Entre os planetas anões mais conhecidos, estão nomes como:

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  • Plutão
  • Eris
  • Ceres
  • Makemake
  • Haumea
  • Hígia
  • 2007 OR10
  • Sedna
  • Quaoar
  • RR245
  • TG387
  • Orcus
  • Leleākūhonua

Abaixo, você descobre um pouco sobre os mais famosos deles:

Plutão

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Seria injusto falar dos planetas anões sem começar por Plutão, um dos mais famosos (e polêmicos) de todos. Plutão foi descoberto em 1930 e manteve o título de “planeta” por décadas, o que o tornava nosso 9º vizinho em relação ao Sol.

Apesar de ter apenas 0,2% da massa da Terra e 10% da massa da Lua, Plutão tem gravidade suficiente para capturar cinco luas próprias — tanto que ele e a lua Caronte são considerados um sistema binário, por orbitarem um centro de massa comum.

O primeiro reconhecimento de Plutão foi realizado pela missão New Horizons. Lançada em 2006, a sonda sobrevoou o planeta anão e suas luas em 2015, realizando sua maior aproximação de Plutão no dia 14 de julho daquele ano. A missão revelou várias surpresas, como, por exemplo, a de que a superfície de Plutão não tinha tantas crateras quanto se esperava, e que o pequeno mundo abrigava montanhas de até 3,5 km. Além disso, a sonda também mostrou que ele conta com uma formação bastante simpática, cujo formato lembra um coração.

De planeta a planeta anão

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Após anos de debates, discussões e uma votação com a participação de 424 astrônomos, foi no dia 24 de agosto de 2006 que a IAU estabeleceu que Plutão Solar foi "rebaixado" a planeta anão. A mudança foi impulsionada pela descoberta de outros objetos distantes, sendo que alguns deles eram maiores que Plutão e renderam discussões sobre se, afinal, também deveriam ter considerados planetas.

Assim, a decisão da IAU veio após mudanças nos critérios para classificar planetas — um deles, por exemplo, estabelece que, para que um corpo seja considerado um planeta, ele deve ter "limpado" os detritos ao redor de sua órbita. Como Plutão não tem gravidade suficiente para isso, acabou categorizado como planeta anão.

Desde aquela época, o debate sobre a classificação de Plutão continua a todo vapor. Além dos argumentos sobre os demais planetas que não limparam suas órbitas, Stern e seus colegas propõem, na verdade, que a IAU faça uma nova avaliação do que caracteriza um planeta no Sistema Solar.

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Caso esta redefinição seja adotada pela IAU como sugerida por eles, outros 100 objetos se tornariam nossos vizinhos e mais diversos outros, como luas, acabariam também considerados planetas. De qualquer forma, qualquer eventual mudança na classificação de Plutão precisaria passar, primeiro, por uma nova revisão das definições da instituição.

Éris

Este planeta anão foi detectado em dados obtidos em outubro de 2003, mas foi somente em janeiro de 2005 que foi oficialmente descoberto pelo astrônomo Mike Brown e sua equipe. Éris está quase três vezes mais distante que nós que Plutão — tanto que ele pode até mesmo estar além do Cinturão de Kuiper, uma região de objetos congelados localizada além da órbita de Netuno.

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Éris tem diâmetro de aproximadamente 2.500 km e foi um dos motivos que levou a IAU a repensar os critérios para um corpo celeste ser considerado um planeta. Este mundo leva 557 anos terrestres para completar uma volta ao redor do Sol, e as temperaturas por lá variam de -217 ºC a -243 ºC. Seu nome é inspirado em Éris, deusa grega da discórdia e dos confrontos.

Ceres

Em meio aos vários objetos que formam o Cinturão de Asteroides entre Marte e Júpiter, está o planeta anão Ceres, considerado o maior objeto presente por lá. Por muito tempo, ele foi considerado mais um asteroide da região, mas recebeu o título de planeta anão em 2006.

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Embora tenha passado algum tempo sem chamar a atenção dos cientistas, suas dimensões e formato bem diferente de seus vizinhos justificavam o envio da missão Dawn, lançada em 2007 para observá-lo de pertinho. A sonda o alcançou em 2015 e sua missão foi encerrada pela NASA em 2018.

A Dawn coletou dados e imagens de Ceres, mostrando os detalhes de sua superfície repleta de crateras. Além disso, a sonda revelou também regiões brilhantes, formadas por depósitos de carbonato de sódio (um tipo de sal). Outra descoberta interessante foi a existência de Ahuna Mons, uma grande montanha no planeta anão.

Makemake

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Assim como Plutão, Eris e Haumea, Makemake é outro planeta anão localizado no Cinturão de Kuiper. Ele foi observado pela primeira vez em 2005 e, junto de Eres, foi um dos objetos cuja descoberta ajudou a IAU a reconsiderar a definição de planetas.

Makemake é considerado o segundo objeto mais brilhante no Cinturão (o primeiro é Plutão), e leva aproximadamente 305 anos para completar uma volta ao redor do Sol.

Como está a 45,8 unidades astronômicas (cada unidade representa a distância entre a Terra e o Sol) da nossa estrela, não se sabe muito sobre sua estrutura — com tanta distância, a luz do Sol leva mais de 6 horas para alcançá-lo. Até o momento, os cientistas especulam que este planeta anão possui cor avermelhada parecida com a de Plutão, e identificaram a presença de metano e etano congelados em sua superfície.

Haumea

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Já imaginou um mundo que, em vez de ser esférico, se parece muito mais com uma elipse bem alongada? Pois é este o caso de Haumea, um planeta anão no Cinturão de Kuiper.

Descoberto em dezembro de 2003, ele foi inicialmente classificado como um “Objeto do Cinturão de Kuiper”, mas, com a mudança de critérios da IAU, acabou como o quinto planeta anão do Sistema Solar. Mesmo hoje, ainda se discute a classificação adequada a ele. Entre os motivos, está sua densidade, que pode ser parecida com a de Plutão, além de seu formato, que talvez seja alongado demais para permitir a classificação como planeta anão.

Enquanto o debate continua, saiba que Haumea leva 285 anos terrestres para orbitar o Sol e leva apenas quatro horas para girar em seu próprio eixo, tornando esta a taxa de rotação mais rápida para qualquer grande objeto identificado no Sistema Solar. Por isso, ele não tem formato esferoide.

Fonte: Space.com (1, 2), Universe Today, JPL, NASA (1, 2), CAS