O que galáxias que orbitam outras podem revelar sobre a Via Láctea?
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela |

Será que a Via Láctea, nossa galáxia, é realmente especial em meio a tantas outras no universo? Para descobrir, cientistas começaram a estudar em 2013 sistemas galácticos parecidos com o nosso. Os resultados renderam um verdadeiro censo de mais de 100 sistemas de galáxias-satélite parecidos com aqueles encontrados na órbita da Via Láctea, e proporcionaram três artigos aceitos para publicação na revista Astrophysical Journal.
As galáxias satélites são aquelas que têm massa e tamanho menor, e que orbitam uma galáxia maior. Normalmente, elas são capturadas pela gravidade da sua hospedeira e da matéria escura ali.
Nossa Via Láctea é orbitada por diferentes satélites — talvez as mais famosas sejam a Pequena e a Grande Nuvem de Magalhães, galáxias visíveis a olho nu do céu do hemisfério sul.
Agora, os cientistas do levantamento Satellites Around Galactic Analogs (SAGA) decidiram trabalhar com os sistemas de galáxias-satélite ao redor de outras galáxias parecidas com a Via Láctea. Um dos estudos que descreve os resultados obtidos foi feito por Yao-Yuan Mao, da Universidade de Utah.
Ele e seus colegas destacaram 378 galáxias-satélite identificadas em 101 sistemas com galáxias tão massivas quanto a Via Láctea, e descobriram que o número de satélites confirmados a cada sistema ia de zero a 13. O número foi determinado em comparação com as quatro galáxias satélite da Via Láctea.
Descobertas sobre galáxias
Outro estudo foi liderado por Marla Geha, da Universidade de Yale. Ela e seus colegas exploraram se estas galáxias-satélite ainda estão formando estrelas e descobriram algo interessante: muitas das satélites perto das suas hospedeiras tinham mais chances de parar de formar novas estrelas. Portanto, fatores ambientais parecem afetar o ciclo das pequenas galáxias-satélite.
Finalmente, o terceiro estudo foi liderado por Yunchong (Richie) Wang, pesquisador que concluiu seu doutorado na Universidade de Wechsler. Ele e seus colegas trabalharam com os resultados dos SAGA para melhorar os modelos teóricos da formação galáctica; desta forma, os modelos mostraram que galáxias “quietas” (ou seja, que pararam de formar estrelas) deveriam existir em ambientes mais isolados que aqueles observados.
Segundo os autores, os três estudos podem ajudar os astrônomos a entender melhor o papel dos halos de matéria escura na evolução galáctica. Estes halos guardam grandes quantidades de matéria escura, e os cientistas suspeitam que todas as galáxias tenham se formado no interior deles.
“Nosso trabalho é semelhante ao desenvolvimento de um personagem em um filme”, disse Geha. “Os resultados do Levantamento SAGA nos ajudam a construir uma história do desenvolvimento da Via Láctea, o que, por sua vez, nos permite contextualizar as peculiaridades dela”, finalizou.
Os artigos com os resultados do estudo foram publicados na revista Astrophysical Journal.
Fonte: Yale University, Astrophysical Journal (1, 2, 3), University of Utah