Publicidade

O "Cometa do Século" passou pela Terra. O que vem depois?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

Compartilhe:
Reprodução/Kid Candy/Pexels
Reprodução/Kid Candy/Pexels

O cometa Tsuchinshan-ATLAS (C/2023 A3) realizou sua aproximação máxima da Terra no sábado (12), proporcionando um verdadeiro espetáculo para observadores em diversos lugares do mundo. O objeto deve permanecer visível nas próximas semanas, mas a tendência é que seu brilho fique cada vez mais fraco. 

Este cometa foi observado em fevereiro de 2023 durante um levantamento do sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System). Novos cálculos da sua órbita mostraram que, na verdade, o cometa já tinha sido observado pelo Observatório da Montanha Púrpura, na China, em janeiro daquele ano. 

Observações posteriores revelaram que a órbita do cometa o deixaria pertinho da Terra e do Sol entre setembro e outubro de 2024. E mais: ele poderia ficar tão brilhante que talvez fosse visível a olho nu. Eis que o objeto passou a ser conhecido pelo apelido de “Cometa do Século”. 

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Quando chegou ao perigeu (ponto de proximidade máxima da Terra), o cometa ficou a mais de 40 milhões de quilômetros de nós. A passagem foi aguardada com grande expectativa, afinal, ele leva 80 mil anos para completar uma volta ao redor do Sol — isso significa que, quando se aproximou do nosso planeta na última vez, os humanos ainda estavam se expandindo pela África e Ásia! 

Este cometa também vem chamando a atenção devido ao seu brilho, que pode ser tão intenso quanto o de Vênus, o segundo objeto mais brilhante no céu noturno. “O próprio nome que tem sido atribuído ao cometa 2023 A3, de ‘Cometa do Século’ e tudo mais, é justamente pela expectativa que se tinha de que ele atingisse magnitudes muito baixas, o que significa que ele teria um brilho muito alto”, explicou o Dr. Filipe Monteiro, astrônomo do Observatório Nacional, em entrevista ao Canaltech

Como ver o Cometa do Século

Segundo ele, o cometa tinha magnitude de -2,5 na sexta (11). “À medida que passa o dia 14, do dia 20 de outubro em diante, ele vai ficando cada vez mais fraco, sendo necessária obrigatoriamente a utilização de binóculos ou de telescópios para a observação”, acrescentou o astrônomo. 

Se você perdeu o momento de maior proximidade do cometa, não fique frustrado. “Atualmente, nestes primeiros dias após sua aproximação máxima com a Terra, a gente já vai conseguir ver o cometa a olho nu”, acrescentou o astrônomo. A recomendação é usar binóculos ou algum telescópio de pequeno porte no caso de você querer conferir os detalhes do objeto com mais precisão.

Mesmo sem estes instrumentos, é possível observar o brilho difuso do cometa — este brilho faz parte do seu núcleo, onde está a maioria dos gases expelidos, além do seu coma e a cauda. “É um espetáculo bonito de se ver. Isso será possível [de ver] de qualquer região do Brasil logo após o pôr do Sol”, ressaltou ele.

Continua após a publicidade

Para aproveitar a oportunidade, o ideal é procurar o objeto no céu, na direção oeste, logo após o pôr do Sol. “Depois [de 12 de outubro] ele vai começar a ficar um pouquinho mais alto, mas mesmo assim ainda no horizonte. Então, é preciso ter um local com o horizonte a oeste livre, sem obstáculos e prédios, por exemplo, para que seja possível observar o cometa”, comentou Monteiro.

Cometas e a astronomia

Apesar do título “Cometa do Século”, os astrônomos precisaram aguardar para ver como o C/2023 A3 se sairia em relação à magnitude, já que cometas são imprevisíveis. Muito disso se deve às suas estruturas, de rocha e vários tipos de compostos congelados, como água e gás carbônico. “Esse gelo pode estar na superfície, pode estar no interior do objeto, então o brilho dele vai depender muito de como esses gelos vão ser sublimados, vão ser expelidos do cometa”, disse ele.  

Continua após a publicidade

Já a liberação destes compostos ocorre de acordo com a forma como a radiação solar interage com o estado da composição do cometa, algo de difícil previsão. “É por isso que os telescópios profissionais monitoram cometas desde quando eles vão muito distantes do Sol, até quando eles vêm vindo em direção ao Sol, se aproximam e depois começam a se afastar novamente”, acrescentou. 

Quando se afastar da Terra, o cometa C/2023 A3 deve seguir viagem rumo ao Sistema Solar externo, deixando nosso “quintal cósmico” para trás. E fique tranquilo, pois ele pode voltar outra vez — mas vai demorar 80 mil anos