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Novo "mapa da agua" de Marte desafia cientistas

Por| Editado por Rafael Rigues | 23 de Agosto de 2022 às 10h45

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ESA & MPS for OSIRIS Team
ESA & MPS for OSIRIS Team

Um novo mapa de Marte promete mudar como os cientistas entendem o passado da água do planeta: criado com base em dados de instrumentos das sondas Mars Express e Mars Reconnaissance Orbiter, o novo mapa indica as localizações e abundância dos minerais aquosos vindos de rochas quimicamente alteradas pela ação da água no passado, e pode ajudar os cientistas a determinar locais para pousos de missões no futuro.

O trabalho foi resultado dos dados coletados pelos instrumentos Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer for Mars (CRISM) e Observatoire pour la Mineralogie, l’Eau, les Glaces et l’Activité (OMEGA), das sondas Mars Reconnaissance Orbiter e Mars Express, respectivamente. Ambos coletaram dados na mesma faixa de comprimento de onda e são sensíveis aos mesmos minerais.

A diferença é que o CRISM proporcionou imagens espectrais da superfície em alta resolução, o que o torna bastante adequado para o mapeamento de pequenas regiões de interesse, como locais de pouso de rovers. Já o OMEGA consegue uma cobertura mais ampla de Marte com resolução espectral mais alta, sendo mais adequado para mapeamentos globais e regionais.

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Na Terra, a formação de argila ocorre quando a água interage com rochas; dependendo das condições, o processo dá origem a diferentes tipos de argila. Por exemplo, a esmectita e vermiculita são minerais que se formam quando quantidades relativamente pequenas de água interagem com rochas, retendo a maioria dos elementos ali — no caso destes minerais, os elementos são o ferro e o magnésio.

Por outro lado, se a quantidade de água for relativamente alta, as rochas podem sofrer mais alterações, e os elementos solúveis tendem a ser levados pela água; depois, o que restam são as argilas ricas em alumínio, como o caulim. No caso, o mapa revelou centenas de milhares de áreas com prevalência dos minerais nas áreas mais antigas de Marte. “O novo trabalho mostrou que, quando você está estudando terrenos antigos detalhadamente, o estranho é não ver estes minerais”, disse John Carter, autor de um dos estudos que descreve o mapa.

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Isso representa uma mudança na compreensão do passado de Marte: a menor quantidade de minerais aquosos, cuja existência já era conhecida, sugeria que a água existiu com limitações na extensão e duração no planeta; o que muda é que, agora, não há dúvidas de que a água teve papel importante na definição da geologia do planeta. Para os próximos passos, falta descobrir se essa água foi persistente ou se ficou restrita a episódios mais curtos e intensos.

O novo mapa sugere que a resposta pode ser mais complexa do que os cientistas esperavam. É que, embora muito dos sais em Marte tenham, provavelmente, sido formados mais tarde do que as argilas, o mapa mostra uma série de exceções que indicam uma mistura de sais e argilas, e alguns dos sais parecem ser mais antigos que as argilas. “Vemos uma grande diversidade de contextos geológicos, então nenhum processo único ou linha do tempo simples podem explicar a evolução mineralógica em Marte”, acrescentou.

Por fim, vale destacar que as descobertas sugerem locais candidatos interessantes para pousos de missões futuras. Parte disso se deve aos minerais aquosos que ainda têm moléculas de água; junto dos lugares onde se sabe haver gelo de água enterrado, eles podem representar boas localizações para a extração de recursos locais. Outro motivo é que são importantes para estudos, principalmente aqueles focados na vida em Marte, caso tenha existido por lá.

Os artigos com os resultados do estudo foram publicados na revista Icarus.

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Fonte: Icarus (1, 2); Via: ESA