Novo estudo sugere que o Oumuamua seria composto por poeira de cometa
Por Danielle Cassita |
O visitante interestelar 1I/'Oumuamua intriga pesquisadores há alguns anos: o objeto misterioso foi observado em 2017 e, até agora, ainda não se sabe muito sobre de onde ele veio ou sua composição. Entretanto, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Oslo liderada pela pesquisadora Dra. Jane Luu, levantou uma nova possibilidade, que sugere que o Oumuamua talvez seja parte de um cometa extrassolar.
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O Oumuamua já rendeu diversas hipóteses por aí: em 2018, pesquisadores do Centro de Astrofísica da Harvard Smithsonian publicaram um estudo onde sugeriam que o objeto poderia ser um veleiro artificial construído por uma civilização avançada. Outro estudo aponta que, na verdade, o Oumuamua seria o fragmento de um corpo maior, que se rompeu pela ação de forças gravitacionais. Mais recentemente, foi descartada a hipótese que sugeria que o objeto seria formado por hidrogênio. Agora, a ideia da vez é que o Oumuamua seja um “coelho de poeira”, ou seja, um objeto composto por partículas de um cometa que seria movido pela radiação solar.
A pesquisadora Luu, junto de sua equipe, está trabalhando em uma hipótese que sugere que o objeto seria algo como um fragmento de um cometa extrassolar vindo da nuvem de Oort, que conta com uma grande quantidade de objetos espaciais nos limites do Sistema Solar. A equipe propõe que o objeto poderia se formar a partir da poeira emitida pelo núcleo de um cometa. Conforme essas partículas vão saindo do núcleo, elas se movem mais rápido do que o fragmento, de modo que cada vez mais delas se unem ao fragmento e, assim, formam o corpo do objeto.
Em algum momento, o fluxo de gás emitido pelo cometa vai soltar este corpo do fragmento e, como os cometas têm pouquíssima gravidade, o novo corpo não ficaria próximo ao cometa. Então, como o cometa que originou o fragmento era provavelmente um cometa de longo período, o objeto possivelmente se deslocaria em direção à saída do sistema estelar. A maior parte dos cometas de curto período não teria material suficiente para formar um fragmento como o Oumuamua, mas se um fragmento conseguir formar um cometa de curto período, a pressão da radiação será capaz de romper qualquer ligação gravitacional, o que resulta no fragmento se deslocando em direção ao espaço interestelar.
Para a Dra. Luu, os visitantes interestelares deverão se tornar muito mais comuns no futuro — principalmente porque já temos sistemas de observação que fornecem imagens em alta resolução. Entre eles está o Pan-STARRS, que consegue observar objetos discretos, como o Oumuamua. Possivelmente, existirão novas oportunidades para os pesquisadores descobrirem se o modelo desenvolvido pela equipe de Luu e seus colegas para a formação do Oumuamua é uma ocorrência comum na galáxia, ou se simplesmente tivemos a sorte de observar nosso primeiro visitante interestelar e ele ser, de fato, um fragmento de cometa.
O estudo foi publicado na revista Astrophysical Journal Letters.
Fonte: Universe Today