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Hipótese sobre composição e origem do objeto interestelar Oumuamua é descartada

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Stuart Rankin
Stuart Rankin

O objeto interestelar 1I/'Oumuamua foi visto pela primeira vez outubro de 2017, quando foi descoberto por observadores no Observatório Haleakalā, e desde então tem sido estudado. Já se passaram quase três anos, mas o debate sobre sua origem e composição ainda é um mistério, com diferentes teorias divergindo sobre o assunto. Agora, um novo estudo sugere que ele não é feito de gelo de hidrogênio, como outros cientistas haviam argumentado.

De acordo com um estudo anterior, publicado por Darryl Seligman e Gregory Laughlin em junho de 2020, “todas as propriedades observadas do Oumuamua podem ser explicadas se ele contiver uma fração significativa de gelo de hidrogênio molecular (H2)”. Entretando, os cientistas do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics e do Korea Astronomy and Space Science Institute (KASI), discordam dessa hipótese.

Esse grupo procurou saber se um objeto baseado em hidrogênio poderia realmente ter feito a viagem do espaço interestelar para o nosso Sistema Solar. O estudo deles foi publicado no The Astrophysical Journal Letters e aponta que o objeto interestelar não é feito de gelo de hidrogênio molecular, afinal. O Dr. Thiem Hoang, autor principal do artigo, disse que “a proposta de Seligman e Laughlin parecia promissora porque poderia explicar a forma alongada extrema do 'Oumuamua, bem como a aceleração não gravitacional”, mas as coisas não são tão simples quando se trata do H2.

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A hipótese anterior se baseia na ideia de que gelo de H2 poderia se formar em nuvens moleculares densas. Mas Hoang explica que, se isso fosse verdade, os objetos de hidrogênio molecular poderiam ser abundantes no universo e, portanto, teriam implicações de longo alcance. O Dr. Avi Loeb, co-autor do novo artigo, acrescentou que a equipe considera que “os icebergs de hidrogênio não sobreviveriam à jornada - que provavelmente levaria centenas de milhões de anos - porque eles evaporam muito rapidamente”.

Os pesquisadores se concentraram na nuvem molecular gigante (GMC) W51, uma das mais próximas da Terra, a apenas 17.000 anos-luz de distância, cogitando que ela seja um ponto de origem potencial do 'Oumuamua, caso ele seja de fato feito de H2 congelado. Como explica Loeb, “o lugar mais provável para fazer icebergs de hidrogênio é nos ambientes mais densos do meio interestelar”, e estes ambientes são as nuvens moleculares gigantes. Mas, se fosse o caso, o objeto simplesmente não poderia ter feito a viagem de lá até nós sem se destruir no caminho. Além disso, ele não poderia se formar nessas regiões de alta densidade molecular através da colisões de gás - que é o modo que a astrofísica entende que objetos sólidos se formam.

Ainda foi apresentado no estudo outras mecânicas que poderiam ter destruído o 'Oumuamua antes de sua passagem pelo Sistema Solar, caso ele fosse feito de gelo H2, tais como a radiação interestelar, os raios cósmicos e o gás interestelar. O resultado foi descartar a hipótese de que objeto veio de uma GMC.

Pode demorar um pouco para que os cientistas sejam capazes de responder o que exatamente é o 'Oumuamua. “Este objeto é misterioso e difícil de entender porque exibe propriedades peculiares que nunca vimos em cometas e asteroides em nosso Sistema Solar”, disse Hoang. No entanto, Loeb acredita que isso não será um mistério por muito mais tempo. É que se houver outros como ele ainda não detectados em nossa vizinhança cósmica, a próxima geração de instrumentos poderá mudar o cenário.

Um desses instrumentos é o Vera C. Rubin Observatory (VRO), um telescópio de 8,4 metros capaz de mapear todo o céu visível, a ser construído no norte do Chile e previsto para entrar em operação em 2022. De acordo com Loeb, ele deverá detectar cerca de um objeto como o Oumuamua por mês . “Todos nós vamos esperar com ansiedade para ver o que ele encontrará”, disse ele.

Fonte: Phys.org