Nova estação espacial chinesa já tem mais de mil experimentos aprovados
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Neste ano, a China não só lançou o primeiro módulo da Tiangong-3, sua nova estação espacial, como também já levou um trio de taikonautas para passar três meses a bordo das novas instalações. Enquanto o novo laboratório orbital não é concluído — o que deverá ocorrer somente no fim do ano que vem —, há uma longa fila de experimentos esperando para serem enviados para lá. Segundo informações de cientistas chineses, a divisão China Manned Space Agency (CMSA), da agência espacial da China, já aprovou mais de mil experimentos, sendo que alguns já foram lançados.
- Conheça o passado, o presente e o futuro do programa espacial chinês
- Saiba onde está a estação espacial chinesa e como observá-la no céu noturno
- O que esperar para o futuro próximo da Estação Espacial Chinesa?
A maior parte dos experimentos será feita por pesquisadores da China, mas o país afirma que a estação estará de portas abertas para colaborações com todas as nações — inclusive os Estados Unidos que, desde 2011, são proibidos de colaborar com os chineses sem aprovação prévia. No ano passado, a CMSA e a United Nations Office for Outer Space Affairs (UNOOSA), instituição que promove a colaboração no espaço, selecionou outros nove experimentos que se somam aos mil já aprovados pelo país, para serem lançados quando a estação for concluída.
Segundo Simonetta Di Poppo, diretora da UNOOSA em Viena, esses experimentos envolvem 23 instituições de 17 países. Em paralelo, Tricia Larose, pesquisadora médica da Oslo University, explica que a China está incentivando a realização de experimentos jamais feitos antes. “Eles estão dizendo ‘sim, construa seu hardware, crie algo totalmente novo, faça o que nunca foi feito antes e envie para nós’”, comenta. A maioria dos projetos já aprovados são liderados por pesquisadores chineses, e muitos deles têm colaboradores de outros países.
Yang Yang, diretor de cooperação internacional no CAS Technology and Engineering Center for Space Utilization, afirma que a estação terá mais de 20 estruturas experimentais, que são mini-laboratórios com ambientes fechados e pressurizados. Já do lado externo, haverá mais de 60 pontos de conexão para hardware de pesquisa, que ficarão voltados para a Terra ou para o céu. Por fim, um computador central poderoso irá processar os dados obtidos para depois enviá-los à Terra.
Dentre os projetos que serão enviados para as instalações da nova estação, está o HERD (High Energy Cosmic-Radiation Detection), um detector de partículas que vai estudar a matéria escura e os raios cósmicos. Esta é uma colaboração realizada entre a Itália, Suíça, Espanha e Alemanha, prevista para ser lançada em 2027. Outro é o POLAR-2, que irá analisar a polarização dos raios gama emitidos por explosões cósmicas distantes para esclarecer as propriedades delas e, quem sabe, das ondas gravitacionais.
Já projetos desenvolvidos por cientistas da Índia e do México irão estudar as emissões ultravioleta liberadas por nebulosas e dados infravermelhos da Terra, para entender as condições meteorológicas e as causas por trás de tempestades intensas. Por fim, Larose planeja enviar organoides, bolhas tridimensionais de tecido saudável e com câncer para descobrir como a microgravidade afeta o crescimento de células cancerígenas.
Antes do lançamento do módulo Tianhe, a Estação Espacial Internacional era o único laboratório em órbita. Por isso, vários pesquisadores consideram a nova estação espacial chinesa como um ótimo complemento às observações astronômicas e da Terra, bem como aos estudos dos efeitos da microgravidade e radiação em diferentes fenômenos. Entretanto, as tensões geopolíticas dificultam a colaboração entre cientistas chineses e ocidentais — Larose, por exemplo, afirma que a Noruega ainda não assinou um acordo bilateral com o país, que permitiria que seu projeto avançasse.
Fonte: Scientific American