Netuno | O planeta mais lento do Sistema Solar

Netuno é o oitavo e último planeta do Sistema Solar e, como tal, preserva inúmeros mistérios no campo da astronomia. Os cientistas sabem que o gigante gasoso tem um núcleo muito denso, mas está envolto por gases. É azul, bastante frio e extremamente lento. Para completar uma volta ao redor do Sol, são necessários 164 anos terrestres, contra os 365 dias da Terra. Já o movimento de rotação leva cerca de 16 horas.

• Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
• Explorar Netuno pode ser mais fácil com ajuda da lua Tritão

Com cinco anéis e 14 luas, o planeta mais lento do Sistema Solar está a uma distância de 4,5 bilhões de quilômetros do Sol, o que explica a demora em realizar uma translação completa. O percurso é o equivalente a 30 UA (unidade astronômica), ou seja, 30 vezes a distância entre a Terra e a estrela central.

Embora seja o planeta mais distante do Sol, justificando as suas temperaturas permanentemente negativas, é apenas o quarto maior. O seu diâmetro é estimado em 49.500 quilômetros — pequeno perto de Júpiter, mas aproximadamente quatro vezes maior que a Terra.

O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia

WhatsApp

Características de Netuno

Para entender as características de Netuno, é preciso saber que, como os planetas Terra e Marte, o gigante gasoso é marcado pela ocorrência de diferentes estações ao longo do “ano”. A diferença é que, por lá, cada estação dura pouco mais de 40 anos. Isso ocorre devido ao eixo de rotação ser inclinado em 28,3°.

Apesar do núcleo sólido e rochoso que é, muito possivelmente, semelhante ao da Terra, a superfície do gigante gasoso não é sólida. Ela é composta majoritariamente por hidrogênio e hélio, além de metano. Todos os gases se fundem, em diferentes níveis, com a água e outros elementos congelados, formando o planeta.

Aqui, vale destacar que é o metano, concentrado nas camadas mais elevadas da atmosfera de Netuno, o responsável pela coloração azul tão característica do planeta.

Outra característica marcante de Netuno são os ventos supersônicos, que podem chegar a 2.000 quilômetros por hora, movendo as espécies de nuvens congeladas. Na Terra, os ventos mais fortes atingem uma velocidade de 400 quilômetros por hora.

No entanto, estudar Netuno é uma missão complexa para as agências espaciais, já que exige muitos recursos financeiros e a superação de limitações físicas e técnicas. Até hoje, poucas missões conseguiram obter dados sobre o planeta, como veremos a seguir. E se você tentar enxergá-lo a olho nu, não irá conseguir.

Anéis de Netuno

Netuno “esconde” pelo menos cinco anéis quase invisíveis, devido à baixa profundidade óptica (menor que 0,1). Acredita-se que eles sejam “jovens” em idade cronológica e que sejam praticamente compostos por poeira, como os anéis de Júpiter. 

Esses anéis foram nomeados em homenagem aos astrônomos que estão envolvidos nas descobertas de Netuno como planeta:

• Galle, de Johann Galle;
• Leverrier, de Urbain Le Verrier; 
• Lassell, de de William Lassell;
• Arago, de François Arago;
• Adams, de John Couch Adams.

Curiosamente, o anel Adams contém, de forma combinada, outros cinco arcos brilhantes. Estes recebem os nomes de Fraternité, Egalité 1 e 2, Liberté e Courage — todos são princípios da Revolução Francesa, exceto Courage.

Luas de Netuno

Diferente da Terra, Netuno é conhecido por ter 14 luas, sendo que a menor é Hipocampo, com apenas 34 quilômetros de diâmetro. Enquanto isso, a maior é Tritão, com mais de 2.700 km de diâmetro. De forma exclusiva no Sistema Solar, Tritão é a única grande lua a orbitar no sentido oposto à rotação do seu planeta Netuno. Isso é conhecido como "órbita retrógrada". A possível explicação para o fenômeno é que este satélite tenha sido, originalmente, parte do Cinturão de Kuiper, quando foi capturado pela gravidade do gigante gasoso.

A seguir, confira a lista completa dos satélites naturais de Netuno:

• Náiade;
• Tritão;
• Galateia;
• Nereida;
• Talassa;
• Halimede;
• Despina;
• São;
• Larissa;
• Laomedeia;
• Hipocampo;
• Psâmate;
• Proteu;
• Neso.

Netuno na mitologia clássica

Quando se pensa em astronomia, quase tudo está envolto pela mitologia grega e romana. Definitivamente, Netuno não é uma exceção a essa regra, já que recebe o nome do deus romano do mar. É o Poseidon, no universo grego. 

Já os seus satélites naturais recebem nomes de outras figuras mitológicas. A maior lua de Netuno, Tritão, é uma referência ao filho de Poseidon com Anfitrite. Por sua vez, Hipocampo representa uma criatura que funde características do peixe com o cavalo. Outro exemplo é Náiade, a ninfa das fontes e das nascentes de água.

Humanos em Netuno?

Em relação à Marte, há planos da humanidade colonizar o planeta vermelho. Entretanto, este não chega nem a ser um sonho no caso do planeta azul. "O ambiente de Netuno não é propício à vida como a conhecemos. As temperaturas, pressões e materiais que caracterizam este planeta são provavelmente extremos demais e voláteis para que os organismos se adaptem", afirma a NASA.

Também não existe nenhuma previsão oficial de uma missão tripulada até o último e mais lento planeta do Sistema Solar, apesar do estudo Ice Giant, realizado em conjunto com a NASA e a ESA, em 2017. 

O mais próximo que os humanos chegaram de Netuno foi com a sonda Voyager 2, por exemplo. Os telescópios espaciais Hubble e James Webb também fizeram importantes contribuições astronômicas.

Curiosidades sobre Netuno

A seguir, confira algumas curiosidades sobre o planeta Netuno:

• A temperatura média em Netuno é de cerca de -220 ºC, o que explica o apelido de gigante gelado. No satélite Tritão, é ainda mais frio, com uma temperatura média de -238,5 ºC;
• Nos ano de 1612, o astrônomo e físico Galileu Galilei descreveu, de forma errônea, o planeta azul como uma estrela fixa durante observações feitas com um telescópio;
• Oficialmente, Netuno só foi classificado como planeta em 1846, com os cálculos matemáticos e estudos de Johann Galle e Urbain le Verrier (ambos foram homenageados nos anéis de Netuno);
• Netuno só completou a sua primeira órbita completa (observada pelos humanos), de 165 anos, em 2011. Isso foi há menos de 15 anos; 
• A estimativa é que Netuno tenha se formado há cerca de 4,5 bilhões de anos. Originalmente, ele estava mais próximo do Sol, mas se moveu e se afastou ao longo de bilhões de anos, como Urano;
• Além de ser a única lua com órbita retrógrada, Tritão tem uma série de gêiseres ativos, como revelaram as imagens da Voyager 2. Isso faz do satélite um dos únicos geologicamente ativo do Sistema Solar; 
• Em comparação com a Terra, o campo magnético de Netuno é 27 vezes mais poderoso e intenso;
• Netuno é azul, mas a cor não é tão intensa quanto a considerada originalmente. É o que revelou o reprocessamento de imagens da missão de 1986, feito este ano. Então, a sua cor verdadeira é muito mais próxima a de Urano.

Fonte: NASA