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Não há água suficiente em Vênus para abrigar vida como a conhecemos, diz estudo

Por| Editado por Patricia Gnipper | 28 de Junho de 2021 às 17h30

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Paul Byrne; NASA/JPL
Paul Byrne; NASA/JPL

Quando a possível descoberta de fosfina — um elemento que pode ser produzido por microrganismos — em Vênus foi anunciada, a comunidade científica ficou de “cabelos em pé”, pois este planeta não é famoso por condições climáticas favoráveis à vida. Mais tarde, o estudo se mostrou questionável, e agora um novo artigo mostra que não há água suficiente por lá para que a vida como conhecemos prospere.

Foi em setembro de 2020 que uma equipe internacional de pesquisadores anunciou a detecção de uma assinatura espectral da fosfina em uma determinada região da atmosfera venusiana. No início de 2021, entretanto, outro estudo mostrou que as linhas espectrais encontradas poderiam ser, na verdade, de dióxido de enxofre. É que ambas as assinaturas são muito semelhantes e podem mesmo ser confundidas, em determinadas circunstâncias.

O problema é que não temos sondas em Vênus, então é muito difícil determinar com muita convicção o que há, de fato, na atmosfera de lá. Mas de acordo com uma análise conduzida pelo microbiologista John Hallsworth da Queen's University Belfast, a água é muito escassa nas nuvens de Vênus, o que impede a vida de se estabelecer lá — ao menos a vida como a conhecemos. De acordo com o artigo, a água atmosférica de Vênus é equivalente a uma umidade relativa de 0,4%, insuficiente para qualquer organismo vivo.

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Em uma escala de zero a um, as funções biológicas dos organismos deixam de funcionar em níveis abaixo de 0,585. Aqui na Terra, a espécie que menos necessita de água é o fungo xerófilo Aspergillus penicillioides, mas, se ela estivesse em Vênus, não sobreviveria aos níveis de 0,004. Isso significa que a atmosfera venusiana é mais de 100 vezes mais seca do que o limite da vida conhecida.

Pelos mesmos critérios, a atmosfera de Marte também é muito seca para abrigar as formas conhecidas de vida, embora seu nível de água seja de pouco mais que 0,537, apenas um pouco abaixo do limite de 0,585. Curiosamente, tanto Vênus quanto Marte já foram muito mais ricos em água, em um passado muito distante, de acordo com os modelos planetários atuais. Naqueles tempos, é possível que a vida se desenvolveu nesses mundos, mas ambos perderam suas atmosferas e, por consequência, quase todas as suas reservas de água líquida.

Júpiter é um planeta que contém níveis bem superiores de água líquida, então se a vida dependesse apenas desse critério, poderíamos buscar vida por lá. Mas há muitos outros fatores em jogo nas estruturas das nuvens jovianas que poderiam afetar a possibilidade da vida prosperar por lá. Para outros planetas do Sistema Solar, como Saturno, Urano e Netuno, não há dados suficientes sobre a composição atmosférica para estimar as chances de encontrarmos vida.

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Esses resultados nos dizem que as atmosferas de Vênus não permitem a vida como a conhecemos, mas isso não anula as chances de haver outras formas de vida, dependentes de elementos abundantes no planeta. O problema é que, se existirem, elas seriam tão diferentes do que conhecemos que, talvez, não as reconheceremos como espécies vivas.

Fonte: Science Alert, Phys.org