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Nanoflare: minierupção solar prevista em 1972 pode ter sido vista pela 1ª vez

Por| 23 de Dezembro de 2020 às 18h40

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ISAS/JAXA
ISAS/JAXA
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Depois de registrarem as primeiras imagens nítidas de nanojatos solares, chegou a vez de cientistas observarem um ciclo completo de uma nanoflare pela primeira vez — ou ao menos essa é a aposta dos pesquisadores, cujo estudo foi publicado na Nature Astronomy.

Nanojatos são luzes finas e brilhantes que viajam perpendiculares à coroa solar, com tudo acontecendo muito rapidamente, como flashes. Trata-se de plasma extremamente aquecido sendo disparado do Sol, e cientistas cogitam que cada um desses jatos nasce através de um processo em que campos magnéticos torcidos se realinham, causando um "tumulto" explosivo e gerando um efeito dominó que resulta em nanojatos na coroa solar. E os nanojatos são considerados a principal evidência das nanoflares, pequenas erupções que seriam as responsáveis por aquecer a coroa solar a temperaturas muito mais elevadas do que as da superfície da estrela.

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Essas erupções têm um bilionésimo do tamanho das erupções solares normais, e foram previstas pelo astrofísico Eugene Parker em 1972 na tentativa de explicar por que a coroa solar (a atmosfera externa) é tão mais quente do que a superfície — mesmo estando muito mais distante do núcleo do Sol, a coroa é milhões de graus mais quente do que as camadas que ficam embaixo dela.

O problema é que nunca se havia observado uma nanoflare para provar que elas existem — até agora, ao que tudo indica. A dificuldade de observá-las está principalmente no fato de que elas são minúsculas e muito rápidas, exigindo telescópios bastante poderosos para registrá-las e não bastando observar um nanojato para presumir que as nanoflares sejam reais.

Então por que os cientistas acreditam ter registrado uma nanoflare pela primeira vez agora? Shah Bahauddin, professor de física atmosférica e espacial na Universidade do Colorado (e principal autor do estudo), explica que "é preciso examinar se a energia de uma nanoflare pode ser dissipada na coroa; se a energia vai para outro lugar, isso não resolve o problema de aquecimento coronal". E, ampliando imagens do Sol que foram tiradas pelo satélite IRIS, da NASA, a equipe suspeitou ser o que estava acontecendo ali.

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Eles descobriram que esses jatos eram incrivelmente quentes, milhões de graus mais quentes do que o que havia ali ao redor. Além disso, esse calor foi distribuído de uma maneira incomum, ao menos em comparação com o que já foi observado em outros sistemas.

Então, Bahauddin dedicou alguns anos de seu trabalho realizando simulações de computador para testar diferentes mecanismos que explicassem aquele aquecimento de maneira correspondente ao que foi registrado pelo IRIS. Eis que o efeito foi reproduzido por apenas um mecanismo, justo o que indicava que o calor teria que vir de um evento de reconexão magnética — o mesmo por trás das explosões solares.

A simulação mostrou também que esse processo só aconteceu em condições bastante específicas. "Para fazer isso acontecer, você precisa de uma temperatura específica e da proporção certa de silício para oxigênio. Então, olhamos para as medições e vimos que os números correspondiam exatamente", disse Bahauddin, afirmando que as condições do Sol naquela observação "batiam" com a simulação.

E, para tirar a dúvida se a provável nanoflare havia mesmo aquecido a coroa solar, Bahauddin usou o observatório Solar Dynamics, também da NASA, que conta com telescópios capazes de ver o plasma quentíssimo da coroa solar. "Vimos o brilho e, de repente, vimos que a coroa ficou superaquecida a temperaturas de vários milhões de graus", revela. Isso foi a confirmação de que tais erupções realmente transferem energia para a coroa solar, aumentando a temperatura da atmosfera externa do Sol.

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No entanto, isso ainda não é uma confirmação de que o que foi observado ali foi mesmo uma nanoflare. "Ninguém sabe realmente [se é uma nanoflare] porque ninguém viu uma antes. Mas é um palpite bem fundamentado, digamos", disse Bahauddin. Novas observações devem ser feitas para verificar se essas erupções ocorrem frequentemente e em todo o Sol, explicando o calor extremo da coroa como um todo. Só depois disso é que, talvez, tenhamos a resposta para a antiga incógnita de por que a coroa solar é tão mais quente do que a superfície da nossa estrela.

Fonte: NASA