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Mistérios da formação e evolução do asteroide Ryugu são desvendados

Por| Editado por Patricia Gnipper | 27 de Setembro de 2022 às 16h49

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A primeira análise de amostras do asteroide Ryugu, trazidos à Terra pela missão japonesa Hayabusa 2 encontrou água com CO2 em um cristal de sulfeto de ferro-níquel. Os resultados podem oferecer pistas sobre a formação e evolução do asteroide.

Foram analisados 17 grãos das amostras, incluindo da superfície não perturbada do asteroide e do regolito escavado por um impacto artificial, ambas coletadas em 2019. “O objetivo desses estudos iniciais é compreender e caracterizar a história de formação de Ryugu”, disse Deborah Domingue, que participou do estudo.

Simulações baseadas nesses resultados mostram que o corpo parental, isto é, o asteroide “pai” que provavelmente se partiu dando origem ao Ryugu, se formou aproximadamente 2 milhões de anos após a formação do Sistema Solar.

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Esse corpo parental seria um asteroide muito maior, formado no Sistema Solar externo, além da órbita de Júpiter. Ali, no início do Sistema Solar, a água e o dióxido de carbono estariam em estado sólido, mas em seguida o asteroide teria migrado para dentro do Cinturão Principal que fica entre a órbita de Júpiter e Marte.

A posição exata do corpo parental seria onde agora está a família de asteroides Nysa (ou Polana) e Eulalia. Ali, ele finalmente sofreu um impacto cataclísmico que o partiu em vários pedaços, incluindo as duas famílias (Eulalia ou Polana) e o próprio Ryugu. Este último, migrou para sua órbita atual.

Aproximações com Marte podem ter induzido o chute gravitacional necessário para trazer o Ryugu para perto da Terra. Essa jornada pode ter levado dezenas de milhões de anos, um piscar de olhos em escala astronômica.

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Mas isso não foi tudo. As propriedades das amostras — como a temperatura da água encontrada em um material argiloso — indicam que o Ryugu evoluiu longe do local de impacto do corpo parental. Como Ryugu é formado principalmente por “entulho” atraído pela gravidade, faz sentido que o processo tenha ocorrido em sua posição atual, e não no Cinturão Principal.

Para Domingue, “compreender a história da formação de Ryugu tem implicações reais para entender a origem desses meteoritos [encontrados na Terra] e onde seus corpos-mãe se formaram em nosso Sistema Solar”. As amostras analisadas são semelhante aos condritos carbonáceos, frequentemente coletado nos meteoritos que caem em nosso planeta.

Os condritos carbonáceos contêm carbono e materiais orgânicos, além de minerais com água. “A evidência deste estudo é a mais forte que temos até agora de que os asteroides vieram de dois reservatórios diferentes”, disse Bojan Novakovic, da Universidade de Belgrado, na Sérvia, que não esteve envolvido no estudo.

Embora cientistas já haviam encontrado o composto em meteoritos e poeira interplanetária, com evidências terem origem do Sistema Solar externo, o Ryugu se torna especial para esse estudo porque é o exemplo mais primitivo coletado até hoje, além de não ter atravessado desprotegido de nossa atmosfera para chegar aos laboratórios.

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Os resultados foram publicada na revista Science.

Fonte: Astronomy.com, Spaceref