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Meteorito que caiu em lago congelado pode ajudar estudos sobre a origem da vida

Por| 28 de Outubro de 2020 às 11h25

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Em 2018, um meteoro riscou os céus em uma grande bola de fogo antes de cair em um lago congelado no Michigan, Estados Unidos. Felizmente, os cientistas conseguiram descobrir onde os fragmentos da rocha caíram e os coletaram antes que a sua composição química fosse alterada. Agora, foi publicado o artigo com os detalhes do estudo que fizeram da rocha, revelando informações importantes sobre como ela era enquanto estava no espaço e os compostos orgânicos que vieram junto, que podem ajudar em estudos sobre as origens da vida.

Quando a bola de fogo foi vista nos céus do Michigan, os cientistas utilizaram radares climáticos da NASA para descobrir onde os fragmentos dela poderiam ter caído. "O radar climático foi feito para detectar granizo e chuva", diz Philipp Heck, curador do Field Museum e autor principal do estudo. "Esses fragmentos tinham esse mesmo tamanho, de modo que o radar ajudou a mostrar a posição e a velocidade do meteorito. Assim, nós o encontramos rapidamente". Os meteoritos são o que resta dos objetos espaciais que entraram na atmosfera, mas não se queimaram completamente e deixaram fragmentos.

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Menos de dois dias depois da queda, Robert Ward, caçador de meteoritos, encontrou o primeiro fragmento na superfície congelada de Strawberry Lake, próximo a Hamburg. O fragmento foi doado ao Field Museum, onde Heck e Jennika Greer, estudante de graduação e uma das autoras do artigo, começaram a estudá-lo. "Esse meteorito é especial porque ele caiu em um lago congelado e foi recuperado rapidamente", diz Heck. Assim, a composição mineral da rocha não sofreu muitas alterações e, inclusive, conta com diversos componentes orgânicos extraterrestres.

Para os cientistas, o meteorito em questão foi ejetado de seu asteroide há 12 milhões de anos e viajou pelo espaço até cair em nosso planeta. Com as análises, eles perceberam que a rocha esteve esposta aos raios cósmicos enquanto seguia pelo espaço. Heck explica que o asteroide que originou o meteorito se fornou há 4,5 bilhões de anos, quase 20 milhões de anos após a formação do Sistema Solar. Os pesquisadores determinaram que se trata de um condrito H4, um tipo de meteorito que caracteriza apenas 4% daqueles que caem na Terra. "Esse meteorito tem alta diversidade orgânica", comenta Greer, ressaltando que esse não é bem o tipo de meteorito que um pesquisador iria buscar para análises ao estudar compostos orgânicos.

A rocha conta com 2.600 diferentes compostos orgânicos que se formaram no asteroide, e os pesquisadores identificaram hidrocarbonetos e compostos com enxofre e nitrogênio. Geralmente, os condritos carbonáceos são mil vezes mais ricos nesses compostos que os condritos H4 — por exemplo, a missão OSIRIS-REx, da NASA, coletou amostras do asteroide Bennu, rico em carbono. "O fato de que esse meteorito condrito comum era rico em compostos orgânicos apoia a hipótese de que os meteoritos tiveram papel importante para levar compostos orgânicos para a Terra". Para Heck, esses compostos orgânicos possivelmente vieram para nosso planeta devido aos meteoritos e podem ter contribuído para formar os ingredientes da vida. "Ainda precisamos realizar muito trabalho para entender melhor os caminhos químicos dos diferentes compostos e processos pelos quais a matéria orgânica passou", finaliza Heck

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Vale lembrar que isso não significa que essa rocha e outras têm vida extraterrestre, mas sim que alguns dos compostos orgânicos — ou seja, aqueles que contêm carbono — podem ter se formado em um asteroide que caiu na Terra. "Os cientistas que estudam meteoritos e o espaço sempre recebem a pergunta 'você já viu sinais de vida?' e eu sempre respondo que sim, todo meteorito está cheio de vida, mas vida terrestre", comenta Heck. Para o autor, o estudo demonstra como é possível trabalhar com especialistas no mundo para conseguir o máximo de informações deste pedaço de rocha pequeno e valioso. "Quando um novo meteorito cair em um lago congelado, talvez até em algum momento nesse inverno, estaremos prontos. E essa próxima queda pode trazer algo que nunca vimos antes".

O artigo foi publicado na revista Meteoritics & Planetary Science, e pode ser acessado no catálogo Online Library.

Fonte: Phys.org, CNN