Marte sofreu grande impacto de rocha e estas missões da NASA viram tudo
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Nesta quinta-feira (27), a NASA anunciou que a sonda InSight registrou um “martemoto” causado por um dos maiores impactos de meteoroides já registrados. O evento ocorreu em dezembro do ano passado, produzindo um tremor de magnitude 4 e arrancando grandes blocos de gelo enterrados no equador do planeta. Os cientistas da agência espacial descobriram que o tremor veio do impacto graças a fotos da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO).
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A InSight pousou em Marte em 2018 e, desde então, vem estudando crosta, manto e núcleo de Marte com a ajuda de ondas sísmicas. Ela já detectou mais de mil tremores em Marte, com apenas alguns causados por impactos de meteoroides (rochas espaciais de tamanhos variados, mas menores que asteroides). Entretanto, no caso do impacto ocorrido em dezembro, o evento veio junto de ondas de superfície, um tipo de onda sísmica que corre pela crosta do planeta.
Abaixo, você confere os dados da InSight convertidos em som, por meio de uma sonificação:
Apesar de a colisão ter acontecido em dezembro, foi somente em fevereiro de 2022 que a cratera foi identificada. Os cientistas que trabalham no Malin Space Science Systems (MSSS), responsável por construir e operar as câmeras da MRO, identificaram a zona do impacto em dados da câmera Mars Color Imager (MARCI), da MRO, que produz mapas de Marte.
Com os dados do MARCI, eles conseguiram determinar o momento em que o impacto aconteceu, e o correlacionaram ao epicentro sísmico. Assim, a cratera identificada é uma das maiores já observadas em formação no Sistema Solar. “Encontrar uma cratera de impacto ‘fresca’, com este tamanho, é algo sem precedentes”, disse Ingrid Daubar, líder do grupo científico da InSight.
O meteoroide responsável pelo impacto em Amazonis Planitia parece ter até 12 m de diâmetro, ou seja, era pequeno o suficiente para ser queimado na atmosfera terrestre. Como Marte tem atmosfera com apenas 1% da densidade da terrestre, a rocha espacial chegou ao solo do planeta e abriu uma cratera com quase 150 m de diâmetro e 21 m de profundidade.
Quando novas crateras são formadas, elas expõem o material sob a superfície. A câmera High-Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE), da MRO, mostrou que pedaços de gelo foram dispersos pelo impacto — o gelo ainda não havia sido identificado perto do equador de Marte, uma das partes mais quentes do planeta. Identificar locais com gelo é de grande importância, já que futuros astronautas vão precisar dele para beber água, realizar atividades agrícolas, produzir propelente de foguetes e mais.
Os artigos que descrevem a descoberta foram publicados na revista Science.