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Luas de Urano podem ter expelido partículas detectadas pela Voyager 2

Por| Editado por Patricia Gnipper | 21 de Março de 2023 às 21h00

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NASA / JPL-Caltech
NASA / JPL-Caltech

Algumas das 27 luas de Urano parecem ejetar partículas no espaço. Segundo um novo estudo liderado por Ian Cohen, cientista espacial do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, as luas Ariel e/ou Miranda estão adicionando plasma ao ambiente espacial por meio de algum mecanismo que, por enquanto, é desconhecido, mas que talvez indique que elas contêm oceanos sob suas superfícies geladas.

Para o estudo, Cohen e seus colegas se debruçaram sobre dados de partículas coletados por um instrumento da sonda Voyager 2, e descobriram que a nave observou partículas energéticas enquanto deixava Urano. “O mais interessante é que aquelas partículas estavam confinadas perto do equador magnético de Urano”, relembrou ele.

Normalmente, as ondas magnéticas do sistema fazem com que as partículas se espalhem em latitude, mas aquelas observadas estavam agrupadas perto do equador entre Ariel e MIranda. Inicialmente, os cientistas pensaram que a Voyager 2 havia encontrado um fluixo de plasma “injetado” pela trilha distante da magnetosfera do planeta, mas Cohen não acreditou que esta fosse a explicação.

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Assim, a equipe decidiu usar modelos físicos para recriar as observações da nave e descobriram que a explicação para as partículas tinha que incluir uma fonte consistente para emiti-las, aliada a algum mecanismo de energização. Após analisar as possibilidades, eles concluíram que as partículas devem ter vindo de alguma lua próxima.

As “suspeitas” são Ariel e/ou Miranda, que podem ter liberado o material em plumas de vapor semelhantes àquelas de Encélado, lua de Saturno, ou por meio de um processo erm que partículas energéticas atingem uma superfície e liberam outras no espaço. “No momento, há cerca de 50% de chance de ser um ou outro”, disse Cohen.

Caso a explicação das plumas esteja cerca, as luas podem ter oceanos sob suas superfícies congeladas. “Não é incomum que medidas de partículas energéticas sejam prévias da descobertas de mundos com oceanos”, disse Cohen.

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Já o mecanismo de energização parece ser um só: um fluxo de partículas sai das luas e vai ao espaço, criando ondas eletromagnéticas. Estas ondas aceleraram uma pequena parte das partículas a energias detectáveis pelo instrumento — e, para os autores, este processo pode ter mantido as partículas agrupadas.

Entretanto, eles reconhecem que uma só observação da região e a ausência de dados da composição do plasma ou medidas das ondas eletromagnéticas tornam impossível determinar a origem das partículas. “Podemos sempre usar modelos mais amplos, mas até que tenhamos novos dados, as conclusões vão continuar limitadas”, finalizou ele.

O artigo com os resultados do estudo foi aceito para publicação na revista Geophysical Research Letters.

Fonte: Geophysical Research Letters; Via: Johs Hopkins University