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Jatos podem dizer se uma galáxia tem dois buracos negros centrais

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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NASA
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Um estudo observou jatos de buracos negros supermassivos em um blazar e encontrou possíveis evidências da existência de buracos negros binários no centro de galáxias. Se a pesquisa estiver correta, o formato dos jatos pode denunciar a existência dessas duplas em núcleos galácticos.

O núcleo de todas as galáxias do universo parece conter pelo menos um buraco negro supermassivo. Em alguns casos, eles são bem tranquilos, enquanto outros vivem em meio a um caos energético criado por suas próprias refeições de gás, poeira e, às vezes, estrelas.

Esses buracos negros “comilões” são chamados de ativos e podem emitir jatos quase à velocidade da luz, além de formar um disco de acreção contendo matéria transformada em plasma. Quando os jatos estão apontados em nossa direção, os astrônomos chamam todo o conjunto — galáxia, buraco negro ativo e os próprios jatos — de blazar.

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Há muito tempo os cientistas querem saber se as galáxias possuem apenas um buraco negro em seus núcleos ou se existem galáxias com dois deles. Infelizmente, detectar a presença de dois desses objetos em um centro galáctico não é uma tarefa tão simples.

Um novo estudo, no entanto, afirma ter encontrado boas evidências de que alguns blazares possuem dois buracos negros ao analizar algo relativamente simples de se observar: o formato dos jatos. Para isso, Silke Britzen, do Instituto Max Planck de Radioastronomia, na Alemanha, liderou uma equipe para observar várias galáxias de núcleos ativos.

Se existirem dois buracos negros em um núcleo galáctico, recebem o nome de sistema binário. Digamos que um deles (o maior) esteja emitindo um jato e possua um disco de acreção, enquanto o outro orbita ao redor dele. A interação gravitacional de ambos resultará em jatos curvos, causando oscilações no brilho detectado pelos telescópios.

Michal Zajacek, coautor do estudo, explicou que a órbita do buraco negro menor causa um efeito de torque no disco de acreção do primeiro, que por sua vez sofrerá uma precessão (semelhante ao eixo de rotação da Terra, que é afetado pela Lua e pelo Sol e gira como um pião).

A equipe observou o blazar OJ 287 para procurar por essas características e concluíram que a curvatura do jato no objeto é semelhante a este cenário de precessão causada por um segundo buraco negro. Essa pode ser uma grande evidência da existência de buracos negros binários nos núcleos das galáxias.

O estudo foi publicado no The Astrophysical Journal.

Fonte: Instituto Max Planck de Radioastronomia, The Astrophysical Journal