Publicidade

James Webb encontra quartzo pela 1ª vez em nuvens de exoplaneta

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

Compartilhe:
NASA, ESA, CSA, Ralf Crawford (STScI)
NASA, ESA, CSA, Ralf Crawford (STScI)

O telescópio espacial James Webb encontrou evidências de pequenos cristais de quartzo nas nuvens de WASP-17 b, um exoplaneta gasoso e quente a cerca de 1.300 anos-luz da Terra. Esta foi a primeira vez em que o mineral foi encontrado nas nuvens de um planeta fora do Sistema Solar.

Com volume mais de sete vezes maior que o de Júpiter e massa menor que a metade deste, WASP-17 b é um dos maiores e mais “inchados” exoplanetas conhecidos. Estas características, junto de seu período orbital de apenas 3,7 dias terrestres, o tornam um mundo ideal para estudos com a espectroscopia de transmissão.

Esta é uma técnica em que se mede como a atmosfera do planeta filtra e dispersa a luz de sua estrela, revelando características de sua composição. Foi assim que o Webb encontrou cristais com apenas 10 nanômetros de extensão — eles são tão pequenos que 10 mil deles poderiam ser colocados lado a lado em um fio de cabelo.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Nikole Lewis, coautora do estudo, comenta que os dados do telescópio Hubble tiveram papel fundamental na determinação do tamanho das partículas. “Sabemos que há silicato a partir dos dados do MIRI, do Webb, sozinhos, mas precisamos das observações na luz visível e no infravermelho próximo, do Hubble, para ter contexto e saber o quão grande são os cristais”, disse.

Diferentemente dos minerais encontrados nas nuvens da Terra, os cristais de quartzo em WASP-17 b não vieram da superfície do planeta, mas sim de sua própria atmosfera. “WASP-17 b é extremamente quente, e a pressão onde os cristais de quartzo se formam no alto da atmosfera é de apenas um milionésimo do que experimentamos na superfície da Terra”, explicou David Grant, autor principal do estudo.

Segundo ele, estas condições permitem que cristais sólidos se formem diretamente a partir do estado gasoso, sem passar primeiro pelo estado líquido. “A quantidade de quartzo exata e a abrangência das nuvens são difíceis de determinar, mas a equipe quer fazer exatamente isso combinando as observações do WASP-17b com outras do sistema, pelo James Webb”, finalizou Lewis.

As descobertas vão ajudar os cientistas a entender como as nuvens se formam e evoluem em exoplanetas. Diferentemente dos silicatos ricos em minerais como olivina e piroxênio, já observados em outros exoplanetas, a equipe descobriu os minerais que servem com blocos construtores de grãos maiores presentes em anãs marrons e em mundos mais frios.

Em vez de silicatos ricos em magnésio, como olivina e piroxênio, vistos em outros exoplanetas, os pesquisadores encontraram seus blocos de construção, a sílica pura necessária para formar os grãos maiores de silicato encontrados em anãs marrons e exoplanetas mais frios.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astrophysical Journal Letters.

Fonte: Astrophysical Journal Letters; Via: Cornell Chronicle