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Telescópio James Webb revela nuvens em exoplaneta que orbita duas estrelas

Por| Editado por Patricia Gnipper | 22 de Março de 2023 às 12h59

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 NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted (STScI)
NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted (STScI)

O telescópio James Webb descobriu nuvens de silicato na atmosfera de VHS 1256 b, um planeta a cerca de 40 anos-luz de nós que leva mais de 10 mil anos para orbitar suas duas estrelas. A atmosfera dele passa por processos constantes de movimento e mistura ao longo das 22 horas do dia no planeta, levando materiais mais quentes para cima e empurrando os mais frios para baixo.

As novas observações foram realizadas durante o programa Early Rease Science, desenhado para caracterizar planetas e os discos de formação deles, enquanto os dados foram coletados com os instrumentos Near-Infrared Spectrograph (NIRSpec) e Mid-Infrared Instrument (MIRI), do Webb. Como o planeta orbita suas estrelas a uma grande distância, os pesquisadores conseguiram observá-lo diretamente.

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Brittany Miles, cientista da Universidade do Arizona e líder da equipe, explica que o planeta está quase quatro vezes mais longe de suas estrelas do que Plutão está do Sol, o que o torna um ótimo objeto para estudos com o Webb. “Isso significa que a luz dele não está misturada com a das estrelas”, explicou.

No alto da atmosfera do planeta, as temperaturas chegam a cerca de 830 ºC, e as nuvens ali contêm grãos de silicatos de diferentes tamanhos. “Os mais finos na atmosfera podem ser como pequenas partículas na fumaça”, observou Beth Biller, coautora do estudo. “Os maiores podem ser como partículas de areia muito quentes e muito pequenas”.

O VHS 1256 b é um planeta com baixa gravidade, quando comparado com estrelas anãs marrons massivas. Isso sugere que as nuvens dele podem permanecer na atmosfera em grandes altitudes, permitindo que sejam detectadas pelo Webb. Além disso, apenas 150 milhões de anos se passaram desde sua formação, o que o torna um planeta bastante jovem.

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Estas características já foram observadas em outros telescópios, mas o diferencial aqui é que, normalmente, elas são observadas individualmente, uma por vez. “Nenhum outro telescópio identificou tantas características de uma só vez, em um único alvo”, disse Andrew Skemer, outro coautor. “Vemos muitas moléculas em um único espectro do Webb, que detalham a nuvem dinâmica do planeta e sistemas meteorológicos”, finalizou.

Como esta e outras equipes de cientistas vão continuar analisando os dados obtidos pelo telescópio, ainda há muito a se descobrir sobre o planeta VHS 1256 b ao longo dos próximos meses e anos. “Em apenas algumas horas de observação, já temos o que parece um potencial infinito de descobertas adicionais”, acrescentou Biller.

O artigo com os resultados do estudo será publicado na revista The Astrophysical Journal Letters e pode ser acessado no repositório online arXiv, sem revisão de pares.

Fonte: arXiv; Via: ESA Webb