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James Webb detecta a maior pluma de água já vista na lua Encélado

Por| Editado por Patricia Gnipper | 24 de Maio de 2023 às 22h20

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NASA/ESA/CSA/G. Villanueva/A. Pagan/L. Hustak
NASA/ESA/CSA/G. Villanueva/A. Pagan/L. Hustak

O James Webb detectou a maior nuvem de vapor de água sendo esguichada da superfície de Encélado, uma das luas de Saturno. A pluma d’água vai muito além do que a sonda Cassini observou em 2005, percorrendo distâncias muitas vezes maiores que a própria lua.

Encélado é um dos lugares que mais causam entusiasmo em astrônomos que buscam sinais de vida extraterrestre, pois trata-se de um mundo oceânico que pode conter os ingredientes formadores da vida. O oceano de lá é subterrâneo, mas a água está escapando constantemente da superfície gelada.

Segundo Sara Faggi, astrônoma planetária do Goddard Space Flight Center da NASA, a pluma de água detectada pelo Webb “é imensa”. A declaração foi dada inicialmente em uma conferência no Space Telescope Science Institute em Baltimore, Maryland, no dia 17 de maio, e mais tarde um artigo foi publicado no arXiv.org.

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Água em Encélado

A água que esguicha de Encélado, principalmente através de fraturas em sua superfície, traz das profundezas um potencial ecossistema extraterrestre. Em outras palavras, os oceanos subterrâneos podem ser o lar de organismos vivos e as plumas de vapor podem ser uma evidência definitiva disso.

Quando a Cassini detectou as plumas, havia partículas de sílica que provavelmente foram carregadas do fundo do mar de Encélado. A sonda sobrevoou esses gêiseres em muitas ocasiões, medindo os grãos de gelo e encontrou elementos químicos como metano, dióxido de carbono e amônia.

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Contudo, o James Webb tem duas grandes vantagens: além de seus instrumentos serem mais sensíveis que os da Cassini, ele está muito mais longe de Encélado. Isso lhe fornece um campo de visão grande o suficiente para descobrir o quão longe vão as plumas de vapor de água.

Além dessa novidade, o Webb também tem dados para nos mostrar sobre a luz solar refletida em Encélado, que revela evidências de muitos produtos químicos — que, inclusive, podem sugerir atividade geológica ou biológica no oceano da lua. “Temos muito mais surpresas”, disse Faggi.

Desbobertas do James Webb

Os dados do James Webb revelaram que as plumas de vapor d'água abrangem mais de 9.600 km dentro dos anéis de Saturno — em comparação, Encélado tem pouco mais de 500 km de diâmetro. Em outras palavras, os gêiseres são 20 vezes o diâmetro da lua.

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Também foi medida a taxa com que o vapor d'água está saindo da superfície gelada de Encélado, um valor que impressionou os cientistas: cerca de 300 litros por segundo! Isso é o suficiente para encher uma piscina olímpica (que possui capacidade para pelo menos 2.500.000 de litros) em apenas algumas horas.

O toro líquido ao redor de Saturno

Como a lua está localizada nos anéis saturnianos, é claro que isso afetaria esse ambiente de algum modo. Com suas plumas, Encélado abastece todo o sistema de Saturno e seus anéis com água, provavelmente há muito tempo, enquanto gira em torno do gigante gasoso a cada 33 horas.

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Isso deixa um rastro de água no formato de “rosquinha” na região do anel E de Saturno; cerca de 30% da água permanece no rastro da lua e os outros 70% escapam para abastecer o restante do sistema.

Existe vida em Encélado?

Toda essa água e compostos orgânicos expelidos do interior dessa lua podem te fazer pensar: será que esse ambiente pode abrigar formas de vida? Bem, as chances existem e não é de agora que os cientistas cogitam isso. Na verdade, Encélado é um dos principais candidatos a mundo habitável no Sistema Solar.

Os autores do novo estudo já planejam “procurar indicadores específicos de habitabilidade, como assinaturas orgânicas e peróxido de hidrogênio”, disse o Dr. Christopher Glein, um dos autores do estudo. Este último elemento, inclusive, “pode fornecer fontes muito mais potentes de energia metabólica do que identificamos anteriormente”, explica.

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Há algum tempo, missões futuras à Encelado são planejadas para estudar melhor os elementos presentes das plumas e procurar sinais de vida por lá. Uma dessas missões é a Dragonfly, da NASA, que deve enviar um helicóptero em  2027.

A pesquisa foi aceita para publicação na Nature Astronomy.

Fonte: Nature, ESAEurekAlert