Índia confirma que tentará novamente pousar na Lua com a missão Chandrayaan-3
Por Daniele Cavalcante |
A Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) tem uma grande prioridade para 2020: a missão lunar Chandrayaan-3, que tentará pousar na Lua após o fracasso no pouso do lander Vikram, que levaria a Chandrayaan-2 à superfície lunar. A nova missão foi comunicada oficialmente na última quarta-feira (1º) pelo presidente da agência espacial indiana, Kailasavadivoo Sivan.
Além disso, a Índia vai se dedicar à sua nave espacial Gaganyaan, que é parte fundamental dos planos de enviar a primeira missão tripulada do país à órbita da Terra até o ano de 2022. Embora ambos os projetos não tenham uma data de lançamento confirmada, o ano de 2020 "será o ano da Chandrayaan-3 e da Gaganyaan", disse Sivan.
Durante o comunicado à imprensa, Sivan também deu alguns detalhes sobre o acidente que causou a queda do Vikram, cujos destroços foram encontrados pela NASA no início de dezembro, e sobre outros projetos do programa espacial indiano.
Chandryaan-3
"Um grande anúncio que eu queria fazer aqui, oficialmente, é que a Chandryaan-3 foi aprovado pelo governo", comunicou o presidente da ISRO, que também informou que “as atividades para a Chandrayaan-3 estão indo muito bem”.
Essa nova missão deve ser um pouco mais econômica, pois ela não vai precisar de um orbitador, uma vez que esse instrumento foi enviado pela Chandrayaan-2 e está funcionando muito bem, com estimativa para durar sete anos na órbita lunar. Assim, a Chandrayaan-3 só precisa enviar o equipamento que se perdeu na tentativa de pouso do Vikram, ou seja, um módulo de pouso e um rover explorador, além de um módulo de propulsão.
Assim, Sivan estima que a missão Chandrayaan-3 custará 6,15 bilhões de rúpias (equivalente a US$ 86,4 milhões), incluindo o custo do lançamento. Para comparação, a Chandrayaan-2 custou 9,7 bilhões de rúpias.
Sivan não deu uma resposta definitiva sobre a data de lançamento da Chandrayaan-3, embora outros funcionários do governo tenham dito anteriormente que a missão poderia ser lançada em novembro de 2020. No entanto, Sivan disse mais tarde que poderia levar de 14 a 16 meses para concluir a espaçonave, adiando o lançamento para 2021.
Gaganyaan e astronautas indianos na órbita da Terra
O programa de voos espaciais Gaganyaan é um projeto anunciado formalmente pelo primeiro-ministro indiano Narendra Modi em agosto de 2018. O objetivo é lançar astronautas indianos à órbita terrestre até agosto de 2022, o 75º aniversário da independência da Índia do Reino Unido.
Durante o ano de 2019, a ISRO teve “um bom progresso” com o programa Gaganyaan, de acordo com Sivan. Ele revelou que a organização selecionou quatro astronautas para começar o treinamento para voos espaciais no final de janeiro, mas não revelou seus nomes. De qualquer forma, enquanto os astronautas se preparam, a ISRO trabalhará no design da espaçonave e nos testes de seus sistemas.
Assim como no caso da Chandrayaan-3, Sivan não divulgou uma data específica para a primeira missão tripulada Gaganyaan, dizendo apenas um "muito em breve". Relatórios anteriores indicavam que a ISRO pretendia lançar o primeiro voo tripulado no final de 2021, depois de um voo de teste no final de 2020.
Respostas sobre a Chandrayaan-2
Por muito tempo após a tentativa de pouso do Vikram, em setembro do ano passado, a Índia manteve silêncio sobre o que causou a perda da comunicação com a nave. Foi no final de novembro que Jitendra Singh, ministro de Estado do Departamento de Espaço, publicou uma resposta às perguntas da câmara do Parlamento indiano sobre o que aconteceu durante a missão. Agora, Sivan forneceu novos detalhes sobre o que causou o acidente.
No comunicado do dia 1º de janeiro, Sivan confirmou que o problema aconteceu durante a segunda fase da descida para a alunissagem. “A primeira fase correu muito bem. Na segunda fase, a redução de velocidade foi maior que o esperado” e as fases posteriores não puderam compensar o erro. "O sistema de controle e orientação não foi projetado para esse grande desvio".
Outros funcionários da ISRO completaram dizendo que um relatório sobre a investigação da falha foi enviado ao governo, mas o conteúdo ainda não foi divulgado.
Novos veículos espaciais e novo espaçoporto
Os indianos têm outros planos para seu programa espacial nesta década, incluindo o primeiro voo de seu novo Small Satellite Launch Vehicle (SSLV), um foguete de combustível sólido projetado para enviar cargas de até 500 kg à baixa órbita terrestre. Também está nos planos o primeiro voo do Geosynchronous Satellite Launch Vehicle (GSLV), com sua nova carenagem de quatro metros diâmetro.
Por fim, Sivan, confirmou que o governo adquiriu 2.300 acres no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia, para construir um novo espaçoporto. O local foi selecionado especificamente para os lançamentos do SSLV em trajetórias específicas para alcançar a órbita heliossíncrona, entre outras.
Fonte: Space News