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Earendel: a estrela distante cuja luz levou 12,9 bilhões anos para chegar aqui

Por| Editado por Patricia Gnipper | 30 de Março de 2022 às 14h20

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NASA, ESA, B. Welch (JHU), D. Coe (STScI), A. Pagan (STScI)
NASA, ESA, B. Welch (JHU), D. Coe (STScI), A. Pagan (STScI)
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O telescópio espacial Hubble observou Earendel, uma estrela que existia durante os primeiros bilhões de anos após o Big Bang, quando o universo tinha cerca de 4 bilhões de anos. A estrela Earendel ("estrela da manhã", em inglês antigo) está tão distante que sua luz levou 12,9 bilhões de anos para nos alcançar. Assim, ela aparece para nós como era no passado distante, quando o universo tinha apenas 7% de sua idade atual.

A equipe por trás da descoberta acredita que Earendel tem pelo menos 50 vezes a massa do Sol e chega a alguns milhões de vezes o brilho do nosso astro, o que a torna uma rival considerável de algumas das estrelas mais massivas que conhecemos. Brian Welch, astrônomo e autor principal do artigo que descreve a descoberta, explica que a estrela existiu há tanto tempo que ela pode nem ter as mesmas matérias-primas presentes nas estrelas ao nosso redor.

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Segundo ele, "estudar Earendel abrirá uma janela para uma era do universo com as quais não estamos familiares, mas que levou a tudo que sabemos hoje”. “Quase não acreditamos no início, ela estava muito mais longe que a estrela anterior mais distante, com maior desvio para o vermelho”, ressaltou.

Welch se referiu a Icarus, uma grande estrela azul cuja luz levou 9 bilhões de anos para alcançar a Terra. Já Earendel apareceu para nós com desvio para o vermelho com 6,2 — este termo descreve o “desvio” na luz de objetos distantes causado pela expansão do universo, que faz com que a luz seja "desviada" para comprimentos de onda mais vermelhos e longos. Quanto mais distante o objeto estiver, maior será o desvio.

Observando a estrela Earendel

Mesmo sendo tão massiva e brilhante, seria impossível observar uma estrela tão distante sem a ajuda da ampliação natural de WHL0137-08, um grande aglomerado de galáxias entre a Terra e Earendel. A massa do aglomerado distorce o tecido do espaço e cria uma poderosa lente gravitacional, capaz de distorcer e ampliar a luz de objetos distantes por trás dela.

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Welch conta que, a essas distâncias, as grandes galáxias costumam parecer borrões devido à luz de milhões de estrelas se misturando. “A galáxia que abriga essa estrela foi ampliada e distorcida por uma lente gravitacional em um grande crescente, que apelidamos ‘Arco do Nascer do Sol’”, explicou. Após estudar detalhadamente a galáxia que a abriga, Welch determinou que uma das formações ali eram a estrela.

Com a lente gravitacional, Earendel teve seu brilho ampliado em mil vezes ou mais, e deverá continuar assim nos próximos anos. Como a luz da estrela foi desviada para comprimentos de onda infravermelhos mais longos, o telescópio James Webbserá um excelente aliado para observá-la. “Com o Webb, esperamos confirmar que Earendel é realmente uma estrela, além de medir seu brilho e temperatura”, disse Dan Coe, coautor do estudo.

Os autores esperam também verificar se a galáxia do Arco do Nascer do Sol tem baixa quantidade de elementos pesados, formados em gerações estelares posteriores. “Isso pode sugerir que a Earendel é uma estrela rara, massiva e pobre em metais”, sugeriu. Além disso, o novo observatório pode oferecer a oportunidade de observar estrelas ainda mais distantes. “Vamos voltar para o mais longe que pudermos, adoraria ver o Webb quebrando o recorde de distância da estrela”, concluiu Welch.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Nature; Via: ESA/Hubble, NASA