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Astrônomos descobrem acidentalmente galáxia “dupla” graças a lente gravitacional

Por| Editado por Patricia Gnipper | 08 de Outubro de 2021 às 14h22

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NASA, ESA, R. E. Griffiths/J. Wagner/J. DePasquale
NASA, ESA, R. E. Griffiths/J. Wagner/J. DePasquale

Enquanto o astrônomo Timothy Hamilton observava imagens de quasares, feitas pelo telescópio espacial Hubble, ele encontrou algo estranho que se parecia com uma galáxia "dupla". Geralmente, os astrônomos já estão acostumados a encontrar objetos estranhos, mas este chamou tanto a atenção de Hamilton que ele buscou a ajuda de alguns colegas para entender melhor do que se tratava. Na verdade, o que ele viu foi o resultado de uma lente gravitacional, que resultou em uma imagem distorcida da galáxia.

Durante suas observações do material, Hamilton notou imagens espelhadas do que parecia serem bojos e faixas luminosas, que pareciam estar paralelas. “Pensei primeiro que, talvez, fossem galáxias interagindo com braços esticados devido às forças de maré” sugeriu ele. O astrônomo sabia que essa não era a melhor explicação para o que viu, mas não sabia mais o que pensar; então, ele e sua equipe começaram a trabalhar para resolver o mistério da imagem.  

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Hamilton e seus colegas, liderados por Richard Griffths, da Universidade do Havaí, conseguiram juntar as peças desse quebra-cabeças. O time descobriu que havia uma aglomerado de galáxias não catalogado, que estava mais à frente e, então, a imensa gravidade do aglomerado em questão estava distorcendo o espaço através de uma lente gravitacional, um fenômeno que resulta em uma aparente ampliação e aumento de brilho em um objeto ao fundo. Esta não foi a primeira vez que o telescópio registrou as distorções das lentes gravitacionais, mas a desta vez tem algumas características que deixam o fenômeno ainda mais interessante.

Neste caso, houve um alinhamento preciso entre uma galáxia de fundo e o aglomerado (mais à frente), que resultou em cópias iguais e ampliadas de uma mesma galáxia (a mais distante). Isso acontece porque a que está mais longe distorce o tecido do espaço-tempo com uma espécie de “ondulação” — essa onda fica onde está a maior ampliação da lente, que vem da gravidade das grandes quantidades de matéria escura. Conforme a galáxia do fundo passa entre o aglomerado, através da distorção, surgem duas imagens espelhadas e até uma terceira de “bônus”; essas imagens espelhadas são conhecidas como "Objetos de Hamilton".

Griffiths explica que essas conclusões são importantes porque, embora já tenha se passado quase um século desde a descoberta da matéria escura, os astrônomos ainda não sabem bem o que ela é. “Sabemos que é alguma forma de matéria, mas não temos ideia das partículas que a constituem, então não entendemos como se comporta”, disse ele. “O significado dos limites de tamanho no aglomerado ou a suavidade dele nos dá algumas dicas sobre que partículas podem ser essas: quanto menores os aglomerados, mais massivas devem ser as partículas”, explicou.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

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Fonte: NASA