Hubble, sonda Juno e observatório Gemini se unem para desvendar Júpiter
Por Daniele Cavalcante |
Um grupo de cientistas está unindo o poder do Telescópio Espacial Hubble, do Observatório Gemini e da sonda Juno para investigar a misteriosa atmosfera de Júpiter e suas tempestades colossais. O planeta tem raios até três vezes mais energéticos que os nossos, e suas nuvens de tempestades são cinco vezes mais altas que as da Terra.
Felizmente, os raios jupiterianos são como transmissores de rádio, e por isso a Juno pode detectá-los. A cada 53 dias, a sonda realiza um sobrevoo no planeta para coletar alguns dados. Essas informações foram combinadas com observações em vários comprimentos de onda do Hubble e do Observatório Gemini, e o resultado da pesquisa foi publicado em um artigo no The Astrophysical Journal.
Michael Wong, líder da equipe, resumiu o objetivo da pesquisa dizendo que sua equipe quer “saber como a atmosfera de Júpiter funciona”. Não é uma tarefa fácil - o planeta pode conter coisas estranhas como uma camada de hidrogênio metálico líquido, e sua atmosfera está em constante turbulência. Mas com a Juno, os cientistas conseguem obter sinais para mapear os raios, mesmo os que estão escondidos no fundo da gigantesca bolha atmosférica de Júpiter.
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Cada vez que Juno se aproxima de Júpiter e capta sinais de rádio, o Hubble e o Gemini registram imagens globais do planeta - o primeiro com imagens de luz visível e o segundo em infravermelho. Essas imagens são essenciais para interpretar e entender os dados da Juno, já que são capturadas no momento em que alguma coisa (provavelmente a queda de um raio) aconteceu por lá. Os dados do Hubble e Gemini podem dizer quão espessas são as nuvens e qual a profundidade dentro dessas nuvens está sendo alcançada.
Assim, as imagens dos telescópios são combinadas e os relâmpagos detectados pela Juno são mapeados nelas. Com esse método, a equipe mostrou como as tempestades de raios estão associadas a uma combinação de três estruturas: as nuvens profundas, feitas de água; grandes torres convectivas, causadas pela ressurgência de ar úmido; e regiões claras possivelmente causadas por afundamento do ar seco fora das torres.
O estudo também analisou uma das características mais intrigantes de Júpiter - manchas escuras dentro da Grande Mancha Vermelha. Elas brilham no infravermelho, o que significa que são, na verdade, buracos nas nuvens, por onde o calor das camadas mais profundas está escapando. "É como uma lanterna", disse Wong. "Você vê luz infravermelha brilhante proveniente de áreas sem nuvens, mas onde há nuvens, é realmente escuro no infravermelho".
Ao correlacionar os raios jupiterianos com as nuvens profundas de água, os pesquisadores conseguem estimar melhor quanta água há na atmosfera do planeta. Isso é importante porque fornece pistas de como Júpiter se formou. O novo estudo oferece um passo a mais na compreensão de como a atmosfera de Júpiter está estruturada e como ela se comporta.
Fonte: Universe Today