Hubble sofreu centenas de impactos com detritos espaciais ao longo de 30 anos
Por Daniele Cavalcante | 01 de Maio de 2020 às 16h30
Durante seus 30 anos na órbita terrestre, o Telescópio Espacial Hubble sofreu impactos de detritos que ensinaram algumas coisas aos cientistas da NASA e da ESA, as agências espaciais parceiras no projeto.
A primeira vez que os pesquisadores contemplaram o resultado de impactos no Hubble foi após a missão de 1993, quando astronautas tiveram que ir ao espaço para instalar a correção óptica no telescópio. Eles substituíram os painéis solares e trouxeram um deles de volta à Terra, e então viram que ele exibia centenas de pequenas crateras causadas por mais de dois anos de impactos.
Claro, não houve nenhuma colisão que danificasse o equipamento - as crateras de impacto tinham desde mícrons a milímetros de diâmetro. Mas o tempo passa e os detritos continuam atingindo o Hubble. Nove anos depois, os painéis solares foram novamente substituídos e retornaram à Terra, daquela vez, acumulando quase uma década de microcrateras.
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Esse painel está agora em exibição no Centro de Tecnologia da ESA (ESTEC), na Holanda, mas uma parte dele chegou à sede do Escritório de Detritos Espaciais da Alemanha. Essas marcas são uma amostra única e valiosa da atividade de voos espaciais e suas consequências ao longo do tempo.
As microcrateras foram estudadas para determinar seu tamanho e profundidade, mas também para procurar por resíduos, que poderiam conter elementos de outros mundos. No entanto, eles acabaram descobrindo pequenas quantidades de alumínio e oxigênio, uma forte indicação que os detritos são resultado da atividade humana, mesmo - ou seja, são resíduos de queima de motor de foguetes.
De acordo com a ESA, para cada quilômetro cúbico no espaço ao redor da Terra, há pelo menos um minúsculo objeto que pode colidir o tempo todo com o Hubble. Pode não parecer muito, mas o telescópio e os detritos viajam a 7,6 km/s, e as colisões podem vir de toda a parte. Assim, as chances de impacto aumentam bastante e atingem velocidades de até de 10 km/s.
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Embora isso não comprometa o funcionamento do Hubble, essas colisões podem desgastar o equipamento gradualmente, incluindo diminuir o potencial de produção de energia solar através dos painéis. E, infelizmente, o risco de colisão com objetos maiores também está aumentando. Fragmentos de detritos que variam de 1 a 10 cm têm energia suficiente para destruir um satélite inteiro. Na altitude do Hubble, a probabilidade de colisão com um desses objetos dobrou desde o início dos anos 2000.
Para reduzir os riscos, a ESA encomendou uma missão para remover detritos, chamada ClearSpace-1. A agência espacial europeia também está desenvolvendo tecnologias automatizadas de prevenção de colisão.
Fonte: ESA