Gases comuns na Terra podem ser candidatos a bioassinaturas em outros mundos
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 11 de Outubro de 2022 às 17h51
Gases emitidos por vegetais como o brócolis e alguns microrganismos, como uma forma de expelir toxinas, podem ser evidências da existência de vida em outros planetas. É o que propõem cientistas liderados por Michaela Leung, cientista planetária da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
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O processo por trás da formação deles é a metilação, que ocorre quando os organismos adicionam um átomo de carbono e três de hidrogênio a um elemento químico indesejável. “A metilação é tão presente na Terra que esperamos que a vida em qualquer outro lugar possa fazê-la”, disse a autora. O brometo de metila é um destes gases metilados, e tem algumas vantagens em relação a outros compostos alvos na busca por vida fora do Sistema Solar.
Os pesquisadores exploraram estas vantagens, que incluem a menor permanência do brometo de metila na atmosfera, o que sugere que, se o composto for encontrado, ele foi produzido há pouco tempo. A outra é que, se identificado em outro mundo, o brometo de metila tem mais chances de ter sido formado por algum ser vivo.
Contudo, assim como acontece com outros gases, este pode também ser um produto de processos vulcânicos ou geológicos. Por fim, outra vantagem de destaque é que o gás absorve a luz perto do cloreto de metila, outra bioassinatura. Portanto, ambos — e a possível presença de vida em outro planeta — seriam encontrados mais facilmente.
Embora seja comum na Terra, o brometo de metila não é facilmente identificado na atmosfera devido à luz ultravioleta vinda do Sol, que causa reações capazes de destruir o gás. Por outro lado, o gás pode ser mais facilmente identificável ao redor de estrelas anãs do tipo M, menores e mais frias que o Sol.
Estas estrelas produzem menor radiação ultravioleta que leva à reação capaz de destruir o composto. “Uma estrela anã do tipo M aumenta a concentração e detectabilidade do brometo de metila em quatro ordens de magnitude em comparação com o Sol”, disse a autora. Como estas estrelas são 10 vezes mais comuns na galáxia do que estrelas parecidas com a nossa, esta é uma vantagem para os astrônomos.
Agora, Leung e os coautores do estudo querem investigar o potencial que outros gases metilados têm para a busca de vida extraterrestre. “Acreditamos que o brometo de metila é um dos vários gases normalmente produzidos por organismos na Terra que podem oferecer evidências para a vida longe, mas esta é apenas a ponta do iceberg”, disse Eddie Schwieterman, coautor do estudo.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal.
Fonte: The Astrophysical Journal; Via: UCR