Fragmentos de asteroide podem ter atingido a Antártida há 400 mil anos
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Uma equipe internacional de cientistas, liderada pelo Dr. Matthias van Ginneken, da Universidade de Kent, descobriu evidências de um impacto de fragmentos de um asteroide que pode ter atingido a Antártida há mais de 400 mil anos e em altíssima velocidade. Eles encontraram pequenas partículas no cume de uma das montanhas de Sør Rondane, na Antártida, que teriam vindo de um objeto com pelo menos 100 m de extensão.
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O time analisou 17 partículas escuras e arredondadas, que não medem mais que meio milímetro. Por meio da microscopia eletrônica, Ginneken e a equipe descobriram que se tratam de esférulas de condensação, compostas por ferro, olivina e altas quantidades de níquel, cuja composição corresponde a um tipo de meteorito conhecido como "palasita", o que confirma que elas vieram do espaço. Além disso, havia pouca diferença na presença de isótopos de oxigênio nelas quando comparadas a esférulas de outras regiões da Antártida. Na prática, isso significa que todas as esférulas se formaram em um só evento.
A explosão desta rocha espacial foi descrita pelos cientistas como intermediária, pois, apesar de poderosa, não foi intensa o suficiente para criar uma cratera com o impacto. Contudo, o impacto foi bem mais intenso que alguns eventos que ocorreram na Terra recentemente: o evento de Tunguska, ocorrido na Sibéria em 1908, foi tão poderoso que destruiu mais de 80 milhões de árvores em questão de segundos — e o mais estranho é que não houve cratera de impacto deixada para trás.
Já em 2013, um meteorito atingiu a região dos Montes Urais, na Rússia, e a explosão da bola de fogo foi tão intensa que feriu pelo menos 400 moradores, além de ter tremido edifícios e estourado o vidro de janelas. De acordo com os pesquisadores envolvidos no trabalho, este estudo é uma importante descoberta para registros geológicos, já que as evidências deste tipo de eventos são bastante raras por ser difícil identificar e caracterizar partículas de impacto. Os autores ressaltam a importância de estudos sobre a ameaça dos asteroides de tamanho médio, que podem produzir partículas do mesmo tipo.
Se um objeto deste tipo atingisse a Terra hoje, uma grande área poderia ser destruída: “para completar o registro de impactos de asteroides, recomendamos que estudos futuros sejam focados na identificação de eventos similares de diferentes objetos, como o fundo dos oceanos”, explica o Dr van Ginneken.
Embora exista a possibilidade de os impactos assim não ameaçarem a humanidade se ocorrerem na Antártida, o cenário muda totalmente se o impacto ocorrer em outros lugares: “isso muda se ocorrerem em áreas de alta densidade populacional, com milhões de casualidades e alguns danos em distâncias de algumas centenas de quilômetros”, conclui.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science Advances.
Fonte: University of Kent