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Exoplaneta que cheira a ovo podre pode ajudar em novas descobertas

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Roberto Molar Candanosa/Johns Hopkins Univeristy
Roberto Molar Candanosa/Johns Hopkins Univeristy

Parece que o exoplaneta HD 189733 b tem cheiro de ovo podre além das chuvas de vidro que ocorrem lá. A descoberta veio de novos dados do telescópio James Webb, que revelaram que a atmosfera deste mundo tem sulfeto de hidrogênio — a molécula responsável pelo forte cheiro que vem dos ovos estragados.

Claro, o cheiro não é nem um pouco agradável, mas é de grande importância para os cientistas. A detecção do composto vai ajudá-los a compreender como os gigantes gasosos, como HD 189733 b, podem ser influenciados pelo enxofre, que é um elemento considerado importante para a formação dos planetas. 

“O sulfeto de hidrogênio é uma molécula importante que não sabíamos que existia ali. Previmos que deveria estar, e sabemos que ela existe em Júpiter, mas ainda não tínhamos detectado-a fora do Sistema Solar”, comentou Guangwei Fu, pesquisador que liderou o novo estudo. 

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Localizado a 65 anos-luz de nós, HD 189733 b orbita sua estrela a uma distância equivalente a 3% daquela entre o Sol e a Terra. A atmosfera cobre este planeta com tons de azul e branco, mas não se engane: a aparência dele pode até ser tranquila, mas por lá ocorrem temperaturas extremas e ventos que sopram a 8.046 km/h.

Além da detecção do sulfeto de hidrogênio na atmosfera do planeta, Fu e seus colegas conseguiram também determinar a quantidade geral do enxofre ali, bem como a origem da água, dióxido e monóxido de carbono. Ainda, eles descobriram que a atmosfera do exoplaneta não tem metano — até então, os cientistas acreditavam que o composto existiria por lá. 

Por fim, a equipe investigou o quão metálico é o planeta, ou seja, como é a ocorrência de elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio. Em nosso Sistema Solar, Netuno e Urano são mais ricos em metais que Júpiter e Saturno, o que sugere que os gigantes gelados coletaram mais gelo, rochas e elementos pesados em comparação com o hidrogênio e hélio. 

“Agora temos esta nova medida para mostrar que, de fato, as concentrações de metal que o planeta tem oferecem uma referência muito importante para estudar como a composição de um planeta varia de acordo com a sua massa e raio”, disse Fu. “As descobertas apoiam nossa compreensão de como os planetas se formam por meio da criação de mais material sólido após a formação inicial do núcleo, e depois são naturalmente enriquecidos com metais pesados”, explicou o autor. 

Para os próximos passos, os autores querem monitorar o movimento do enxofre na atmosfera de outros exoplanetas, porque isso pode revelar como a concentração do elemento varia em relação à estrela. “Queremos saber como estes tipos de planetas chegaram ali, e entender a composição atmosférica vai nos ajudar a responder estar pergunta”, finalizou. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Nature, Johns Hopkins University