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Evolução de Betelgeuse: estrela era amarelada 2 mil anos atrás

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Adam Block/Steward Observatory
Adam Block/Steward Observatory

Uma equipe de pesquisadores de diferentes instituições, liderada por astrofísicos da Universidade de Jena, na Alemanha, trabalhou com uma série de observações antigas para mostrar que Betelgeuse era uma estrela amarela-alaranjada no passado distante, há cerca de 2 mil anos. Junto de colegas de outros países, eles detectaram e dataram parte da evolução dela, sinalizada por mudanças em sua cor.

Localizada a cerca de 640 anos-luz de nós, Betelgeuse é uma estrela supergigante vermelha que chama a atenção dos astrônomos por estar no fim de sua vida. Ela é uma estrela de classe M, a qual é composta principalmente pelas estrelas anãs vermelhas de brilho fraco e baixa temperatura em relação às estrelas amarelas e azuis.

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Sima Qian, astrônomo da corte chinesa, descreveu as cores das estrelas em meados de 100 a.C. — e, nos registros dele, Betelgeuse era descrita como uma estrela amarela. “A partir destas especificações, é possível concluir que Betelgeuse tinha, naquela época, uma cor entre Sirius e Bellatrix, azul-brancas, e a vermelha Antares”, disse Ralph Neuhäuser, professor da universidade. Antares é uma estrela supergigante vermelha, localizada a cerca de 550 anos-luz da Terra.

Cerca de 100 anos depois, o romano Higino descreveu que Betelgeuse tinha cor amarela-alaranjada parecida com a de Saturno. Outros autores da antiguidade, como o astrônomo Ptolomeu, deixaram registros próprios que mostram que, em suas respectivas épocas, a estrela não pertencia ao grupo das vermelhas e brilhantes, como Antares.

Neuhäuser observa que uma colocação do astrônomo Tycho Brahe permite concluir que, durante o século XVI, Betelgeuse era mais vermelha que Aldebaran — mas, hoje, a estrela é mais comparável em termos de brilho e cor a Antares. “O fato de que ela mudou da cor amarela-laranja para vermelho em dois milênios nos diz, junto dos cálculos, que ela tem 14 vezes a massa do Sol”, explicou ele.

Por fim, ele destacou que a massa é o principal parâmetro usado para definir a evolução das estrelas. “Betelgeuse tem hoje 14 milhões de anos e está no fim de suas fases evolutivas: em cerca de 1,5 milhão de anos, ela vai finalmente explodir em supernova”, finalizou o professor.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; Via: Friedrich-Schiller-Universität Jena