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Estudo pode ter solucionado "paradoxo" de estrelas no centro da Via Láctea

Por| 27 de Agosto de 2020 às 11h30

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Miguel Claro
Miguel Claro

Uma formação de estrelas no centro da Via Láctea, que compõem uma espécie de barra, vinha causando um paradoxo entre os pesquisadores, pois diferentes observações dessa formação produzem diferentes estimativas sobre o que acontece ali. A boa notícia é que um novo estudo parece trazer alguma luz sobre porquê isso acontece. Os resultados foram publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

A pesquisa foi feita por uma equipe de cientistas liderados pelo pesquisador Tariq Hilmi, da Universidade de Surrey, e Ivan Minchev, do Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam (AIP). Assim, eles analisaram simulações da formação da Via Láctea e observaram que tanto o tamanho dessa barra quanto sua velocidade de rotação sofrem uma rápida flutuação no espaço. Na prática, essa flutuação é responsável por fazer com que a barra pareça ter o dobro de tamanho e gire 20% mais rapidamente. Assim, essa pode ser a solução para as discrepâncias de observações anteriores.

Essas “pulsações” da barra são causadas por uma “dança cósmica’, causada por encontros regulares com os braços espirais da galáxia. Trata-se de um fenômeno que ocorre quando a barra e o braço espiral se aproximam um do outro, de modo que a atração entre ambos, causada pela gravidade, faz com que a barra reduza sua velocidade, enquanto a do braço aumenta. Quando se conectam, essas duas estruturas se movem como se fossem uma só; é aí que a barra aparenta ser mais longa e lenta do que realmente é. Então, quando se separam, a velocidade da barra aumenta, enquanto a da espiral diminui.

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Conhecer o verdadeiro tamanho dessa barra de estrelas no centro da nossa galáxia bem como sua velocidade de rotação é essencial para entendermos como ocorre a evolução das galáxias e de que forma essas barras se formam em outros lugares do universo. "A controvérsia sobre a barra galáctica poderia ser resolvida facilmente se estivermos vivos quando a barra e a espiral estão conectados. Isso nos dá a ilusão de uma barra grande e lenta", explica o Dr. Minchev. "Entretanto, o movimento das estrelas próximas do Sol ainda é regido pela natureza menor e verdadeira da barra, de modo que essas observações parecem ser contraditórias".

Observações recentes confirmaram que a parte interna do braço espiral da Via Láctea está conectado à barra no momento, algo que acontece por volta de uma vez a cada 80 milhões de anos de acordo com simulações. Agora, será necessário utilizar os próximos dados coletados pela missão Gaia para realizar mais testes com este modelo, enquanto outras missões no futuro poderão descobrir se, afinal, essa dança ocorre em outras galáxias.

Fonte: The Royal Astronomical Society