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Estrela mais veloz da Via Láctea se move a 8% da velocidade da luz

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Florian Peissker
Florian Peissker

Uma equipe de astrônomos da Universidade de Colônia, na Alemanha, encontrou a estrela que se move com a maior velocidade já vista em nossa galáxia: a S4714. A estrela está no centro da Via Láctea orbitando o Sagittarius A* - ou apenas Sgr A* -, um buraco-negro supermassivo localizado no centro da galáxia. Durante sua jornada, a estrela alcança a surpreendente velocidade de 24.000 quilômetros por segundo, que equivale a 8% da velocidade da luz. Os resultados do estudo foram publicados no periódico The Astrophysical Journal.

Os astrônomos identificaram que essa região conta com mais estrelas em órbitas em volta do Sgr A*. Essas estrelas são conhecidas como Estrelas S, e são utilizadas para provar a existência de um objeto invisível orbitado por elas. Durante anos, a estrela S2 foi considerada a mais próxima do buraco negro, mas em 2019 ela perdeu o posto para a S62, encontrada pelos astrônomos da mesma universidade. 

Eles não pararam ali: depois de anos de trabalho, eles encontraram também as estrelas S4712, S4713, S4714 e S4715, que estavam ainda mais próximas do que a S2. Delas, a S4711 e S4714 chamam a atenção: a primeira tem um período orbital menor do que a S62, que indica que a distância do buraco negro a toda a sua órbita é a menor já encontrada. Já a S4714 tem um período orbital maior; quando se aproxima do SgrA*, ela se acelera à velocidade de 24.000 km/s e vai reduzindo o ritmo conforme se afasta do buraco negro.

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Assim, a S4714 faz parte de um grupo de estrelas orbitando o Srg A* em órbitas mais próximas do que qualquer outra. Isso sugere que há mais estrelas orbitando o buraco negro e também indica as primeiras candidatas a “squeezar”, um tipo de estrela que está tão próximo a um buraco negro que acaba sendo "esmagada" pela força do fenômeno.

O squeezar e as estrelas 

Em 2003, os astrofísicos Tal Alexander e Mark Morris desenvolveram um estudo onde propuseram que havia uma classe de estrelas em órbitas excêntricas à volta de buracos negros. A cada passagem, as forças do buraco negro transformam uma parte da energia orbital da estrela em calor. Assim, a estrela brilha mais do que brilharia normalmente, e o fenômeno contribui para sua decadência orbital. 

Então, podemos dizer que os squeezares são simplesmente estrelas mortas em órbita. Agora, as estrelas S4711 e S4714 são as primeiras candidatas com potencial ao título: “diria que tenho certeza que a S4711 é um squeezar, já que seus elementos orbitais são consistentes com o que Tal Alexander previu em 2003. Ela pode ser o primeiro squeezar detectado”, diz Florian Peissker, professor que liderou a equipe no estudo.

Se este realmente for o caso, elas poderão ajudar os astrônomos a entenderem melhor as interações entre os buracos negros e as estrelas que eles devoram. Além disso, a busca por mais estrelas deste tipo não acabou: é possível que mais estrelas com velocidades e órbitas extremas sejam encontradas na região à volta do Sgr A*. "Estou trabalhando constantemente no centro galáctico e tenho certeza que essa não foi a nossa última publicação", finaliza Peissker. Resta aguardar.

Fonte: Science Alert, CNet