Esse algoritmo pode "limpar" as sombras das imagens de crateras da Lua
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Na Lua, há crateras que estão permanentemente nas sombras e, por isso, intrigam os cientistas há décadas. Afinal, as temperaturas nessas regiões são mais baixas, o que permite que alguns compostos se mantenham congelados — como a água, por exemplo, que será essencial para futuras missões tripuladas em nosso satélite natural. Como é difícil observar o que há no interior delas, cientistas do Max Planck Institute for Solar System Research (MPS), na Alemanha, desenvolveram o HORUS, um algoritmo que poderá ajudar a identificar as formações dentro delas mesmo nas sombras.
- NASA descobre grandes quantidades de água em cratera iluminada na Lua
- NASA define local de pouso do rover que vai "farejar" água na Lua em 2023
- Por que é tão importante estudar as regiões da Lua que estão sempre na sombra?
O nome “HORUS” é a sigla de Hyper-effective nOise Removal U-net Software. Esse algoritmo foi desenvolvido para limpar o ruído nas imagens de crateras nas sombras obtidas por outras missões, como a Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), que estuda a Lua há mais de 10 anos e vem mapeando a superfície do nosso satélite natural em alta definição. Além de melhorá-las, o software pode também ajudar na correção de outros aspectos das imagens, como o movimento da LRO.
Os cientistas usaram mais de 70 mil imagens de diferentes imagens feitas pela sonda, que mostram as regiões permanentemente escuras do polo sul lunar para calibrar o software. Além das imagens, eles trabalharam também com informações sobre a temperatura da câmera e a trajetória da nave, para diferenciar quais estruturas do material são artefatos e quais eram, de fato, reais. Com isso, eles conseguiram uma resolução de 1 a 2 m por pixel, sendo de cinco a dez vezes maior que a resolução das imagens previamente disponíveis.
Através do método, os pesquisadores conduziram uma nova análise de imagens de 17 regiões do polo sul lunar, que estão sempre nas sombras. Como resultado, pequenas estruturas, como rochas ou crateras pequenas que medem apenas alguns metros de extensão puderam ser distinguidas com muito mais clareza que antes. "Com a ajuda das novas imagens do HORUS, conseguimos agora entender muito melhor a geologia das regiões das sombras na Lua do que conseguíamos antes", explica Ben Moseley, co-autor do estudo.
Infelizmente, as fotos não mostraram áreas brilhantes que pudessem indicar a ocorrência de gelo e, portanto, de água — mas, por outro lado, o algoritmo funcionou bem para mostrar como é a geologia nesses lugares, algo que os tripulantes de futuras missões tripuladas vão querer saber antes de explorar o fundo das crateras em busca de água. Assim, a definição do terreno é uma das principais especialidades do HORUS, que pode ser usado para ajudar os pesquisadores a identificar formações perigosas para landers e rovers.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature.
Fonte: Universe Today, Max Planck Institute for Solar System Research