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ESA está em busca de materiais que resistam à poeira lunar para futuras missões

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A NASA tem planos para enviar a primeira mulher e o próximo homem para a Lua em 2024 por meio do programa Artemis. Entretanto, quando astronautas vão para nosso satélite natural, há um grande desafio esperando por eles: a poeira lunar, que é abrasiva e fica facilmente impregnada em equipamentos e trajes. Agora, equipes da Agência Espacial Europeia (ESA) estão buscando opções de materiais que possam ser usados em futuros trajes espaciais ou proteção para rovers.

O regolito lunar é um grande problema que as missões precisam enfrentar. Por exemplo, considere as missões do programa Apollo: os trajes espaciais dos astronautas tiveram seus visores escurecidos e camadas danificadas em função da poeira lunar — e Pete Conrad, comandante da Apollo 12, também observou o problema: "acho que uma das partes mais agravantes e restritivas da exploração lunar é a poeira e sua aderência para qualquer tipo de material, seja pele, material dos trajes, metal, não importa qual ação contra fricção seja tomada", declarou.

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Assim, as equipes da ESA seguem em busca de materiais que sejam bons candidatos a aplicações em um traje espacial, além de capas protetoras para rovers e testes para verificar como eles se saem em simulações das condições lunares. "A ideia surgiu com a volta da ESA para a Lua, e precisamos descobrir inovações na área dos materiais desde quando os trajes espaciais da Apollo foram criados, há mais de meio século", diz Malgorzata Holynska, engenheira de materiais e processos da ESA. A poeira está presente em toda a Lua e, como nunca sofreu a ação da água ou do vento, até as partículas microscópicas se mantêm afiadas como lâminas.

Para completar, a energia do Sol na Lua pode impregnar a poeira lunar de estática. "Dependendo da área de origem, a poeira pode ter características químicas e abrasivas diferentes, então suas propriedades dependem do local de pouso escolhido, que é outro fator de preocupação", observa Shumit Das, engenheiro estrutural da ESA. Os cientistas pretendem desenvolver trajes que possam ser usados em mais caminhadas espaciais — eles pensam em até 2500 horas de atividades na superfície lunar. Para Malgorzata, uma possibilidade está na combinação de camadas, com as análises de qual combinação teria o melhor desempenho nas interações com o regolito lunar.

Para isso, serão necessários testes diversos. Por exemplo, Shumit explica que em um teste de abrasão, o material seria colocado em uma estrutura com tijolos de material lunar simulados para análises de como ele se comporta ao longo do tempo. Já testes de permeabilidade clássicos são feitos com um fluido de alta pressão aplicado a um material para verificações sobre se ele penetra. Por fim, uma câmara de teste está em desenvolvimento para o "ciclo térmico", em que o material será exposto a temperaturas extremas durante condições do vácuo.

Esses procedimentos são feitos com base no ciclo de vida completo dos trajes espaciais, e também consideram o tempo de armazenamento entre as caminhadas espaciais. Shumit espera que “os futuros trajes seriam armazenados na estação Gateway, na órbita lunar”. Assim, é preciso saber se a borracha e outros componentes dos trajes não sejam afetados pelo tempo no armazenamento, então também é preciso realizar testes de envelhecimento e exposição à radiação. A estação Gateway será usada como uma base de apoio para missões na Lua e uma parada para missões futuras em Marte, e será menor que a Estação Espacial Internacional (ISS). A montagem deverá começar em 2023.

Fonte: ESA