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Erupção estelar recorde é observada na estrela mais próxima do Sol

Por| Editado por Patricia Gnipper | 22 de Abril de 2021 às 18h20

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NRAO/S. Dagnello
NRAO/S. Dagnello

A estrela Proxima Centauri, a mais próxima do nosso Sol, localizada apenas a 4 anos-luz de distância de nós, foi observada por uma equipe de astrônomos através do rádio-observatório Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) em 2019, com o objetivo de descobrir como são as erupções que acontecem por lá. O resultado foi algo inédito: os pesquisadores conseguiram observar, pela primeira vez, uma erupção estelar em todo o espectro eletromagnético em outra estrela além do Sol.

Além disso, eles puderam identificar uma erupção 100 vezes mais poderosa do que qualquer outra que poderia ocorrer em nosso Sol. Na verdade, essa foi a maior erupção maior já registrada na Proxuma Centauri, o que ajudou os astrônomos a compreender melhor os mecanismos internos que causam esses eventos estelares. Aqui, no Sistema Solar, as erupções são consideradas relativamente perigosas para nossos equipamentos modernos, mas não chegam nem perto daquelas que ocorrem na estrela vizinha.

Essas erupções acontecem quando há uma liberação de energia magnética em determinados pontos nas estrelas, o que resulta em uma explosão intensa de radiação eletromagnética. No Sol, isso ocorre algumas vezes durante o ciclo solar — mais especificamente na fase de maior atividade solar em cada ciclo, o que ocorre mais ou menos uma vez a cada dez anos. Em Proxima Centauri, isso acontece praticamente todos os dias, às vezes várias vezes em um único dia.

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Por ser muito próximo de nós, as erupções no Sol podem ser observadas sem muita dificuldade — embora seja muito difícil prever quando uma vai acontecer, então os pesquisadores precisam monitorar nossa estrela o tempo todo. Já em outras estrelas, é mais difícil observar o evento em todos os comprimentos de onda. Mas, nessa pesquisa, o ALMA conseguiu coletar, pela primeira vez em uma estrela vizinha, dados de uma erupção que vão desde as ondas de rádio até as de raios gama. Antes desse estudo, foi encontrada apenas uma erupção na Proxima Centauri em 2018 através dados de arquivo do ALMA.

Antes disso, nunca havia sido observada uma explosão (ou flare, como é chamado em inglês) em uma estrela como essa em comprimentos de onda milimétricos, ou seja, as faixas entre o micro-ondas e o infravermelho. Então, ninguém sabia exatamente o que poderia ser encontrado se observassem mais detalhadamente. Assim, a equipe decidiu observar a estrela por 40 horas ao longo de vários meses em 2019. Em maio daquele ano, a Proxima Centauri ejetou uma rajada violenta que durou apenas sete segundos, mas gerou as aguardadas ondas milimétricas e ultravioletas.

Melhor que isso, a ejeção foi forte e impetuosa como nunca havia sido visto antes nesses comprimentos de onda, ou seja, bem superior à erupção de 2018. O novo evento foi registrado não apenas pelo ALMA, como também por cinco de outros nove telescópios utilizados no estudo, incluindo o Hubble, que obteve as leituras no espectro ultravioleta. O ALMA foi o responsável pela observação em comprimentos de onda milimétricos. “A estrela passou de normal para 14.000 vezes mais brilhante quando vista em comprimentos de onda ultravioleta ao longo de alguns segundos”, disse Meredith MacGregor, autora principal do estudo.

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Ela também explicou que “no passado, não sabíamos que estrelas podiam ejetar rajadas nas faixas milimétricas, então esta é a primeira vez que procuramos por flares em milímetros”. Novas observações poderão ajudar os pesquisadores a reunir mais informações sobre como estrelas geram esses flares. Os flares do nosso Sol são incomuns e raros, comparados aos de Proxima Centauri, ou seja, não oferecem tantas oportunidades para se aprender com eles. Este estudo ajudará a entender melhor esses fenômenos e contribuirá com a busca por vida em exoplanetas.

Nossa estrela vizinha é um assunto recorrente quando se fala em vida em planetas que orbitam estrelas anãs vermelhas. É que Proxima Centauri está perto de nós o suficiente para procurar por possíveis sinais de vida, e ela conta com um planeta, Proxima Centauri b, em sua zona habitável. “Se houver vida no planeta mais próximo de Proxima Centauri, ela teria que ser muito diferente de qualquer coisa na Terra”, disse MacGregor, referindo-se aos perigos que os flares diários podem oferecer à vida. “Um ser humano neste planeta passaria por maus bocados”.

Novas observações tentarão ir além para descobrir outros mistérios por trás dos flares em Proxima Centauri. A expectativa é desvendar os mecanismos internos que causam esses fenômenos para que os cientistas tentem prever quando eles acontecerão em nossa estrela com maior antecedência.

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Fonte: NRAO