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Doença renal cósmica: viagem a Marte pode causar danos aos rins

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Junho de 2024 às 09h42

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Chutong Zhong, Zhongwang Li, Peter Gordon, Keith Siew/UCL
Chutong Zhong, Zhongwang Li, Peter Gordon, Keith Siew/UCL

Os desafios que envolvem a primeira viagem a Marte, com uma tripulação humana, parecem ainda maiores, com a descoberta de que passar mais de um ano no espaço causará danos severos aos rins dos astronautas. A condição foi apelidada de doença renal cósmica.

Os problemas de saúde envolvendo os rins devem ser causados tanto pela radiação cósmica galáctica (GCR) quanto pela microgravidade. É o que demonstram experimentos feitos com roedores, sob a liderança de cientistas do University College London (UCL).

"Se não desenvolvermos novas formas de proteger os rins, eu diria que, embora um astronauta possa chegar a Marte, ele poderá necessitar de diálise [processo artificial que simula a função dos rins em filtrar resíduos no sangue] no regresso", afirma Keith Siew, pesquisador do UCL e primeiro autor, em nota.

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Viagens espaciais e saúde

Após o primeiro pouso na Lua (1969), os pesquisadores começaram a compreender os danos causados por viagens especiais. Entre os problemas mais recorrentes de saúde, estão: 

  • Perda de massa óssea;
  • Enfraquecimento do coração;
  • Alteração na visão; 
  • Desenvolvimento de cálculos renais (pedras nos rins).

“Sabemos o que aconteceu aos astronautas nas missões espaciais relativamente curtas conduzidas até agora, em termos de um aumento na problemas de saúde, como pedras nos rins”, lembra o cientista Siew.

“O que não sabemos é o porquê destes problemas ocorrerem, nem o que irá acontecer aos astronautas em voos mais longos, como a missão proposta a Marte [que pode levar mais de dois anos]”, complementa o pesquisador do UCL.

Risco para os rins em Marte

Publicado na revista Nature Communications, o novo estudo envolveu a realização de experimentos que simulavam as condições de vida no espaço, como a viagem para Marte, com roedores. Também analisou amostras de astronautas que realizaram missões espaciais em órbita baixa da Terra.

Nos testes com ratos, a equipe expôs os animais a doses simuladas de GCR equivalentes uma missões de Marte de 1,5 e 2,5 anos. Durante os testes, foi possível observar que os rins são remodelados pelas condições especiais. 

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Os túbulos renais, responsáveis ​​pela regulação do equilíbrio de cálcio e sal, dão sinais de encolhimento nos primeiros 30 dias da viagem. Aqui, a principal causa parece ser a microgravidade. Isso também explica a formação de pedras nos rins. No entanto, a longa exposição à GCR durante 2,5 anos, foi associada a danos permanentes e perda de função renal.

“Sabemos que os rins demoram a mostrar sinais de danos causados ​​pela radiação; quando isso se tornar aparente, provavelmente será tarde demais para evitar as complicações, o que seria catastrófico para as chances de sucesso da missão”, completa Siew. Então, é necessário pensar em estratégias de proteção à saúde dos astronautas.

Fonte: Nature Communications e UCL