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Composto necessário para a vida pode se formar em poeira no espaço — e sem água

Por| Editado por Patricia Gnipper | 14 de Fevereiro de 2022 às 15h10

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ESA/Herschel/NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (JPL-Caltech)
ESA/Herschel/NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (JPL-Caltech)

Os peptídeos, moléculas consideradas um dos blocos fundamentais para a construção da vida, parecem ser capazes de se formar sob condições parecidas com aquelas presentes no espaço, e ainda por cima sem a presença de água. A conclusão vem de um novo estudo conduzido por pesquisadores da Friedrich Schiller University Jena e do Max Planck Institute for Astronomy, e sugere que estas moléculas podem não ter se formado na Terra, mas sim em nuvens moleculares cósmicas.

A vida como conhecemos é formada a partir dos mesmos blocos químicos de construção — entre eles, estão os peptídeos. Eles são cadeias de aminoácidos de incrível versatilidade, capazes de transportar substâncias, acelerar reações e formar estruturas estabilizadoras nas células, e geralmente precisam de água para serem formados.

Assim, no novo estudo, os autores mostram como o amino ceteno, um precursor químico dos peptídeos, pode se formar em condições cósmicas na ausência de água.

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Serge Krasnokutski, astrofísico da University of Jena, explica que a equipe buscou descobrir se estas moléculas poderiam ser formadas em uma espécie de processo direto, sem precisar passar pelas etapas químicas que originam os aminoácidos, e se seriam combinados para formar peptídeos. “Fizemos isso sob as condições que prevalecem nas nuvens moleculares, ou seja, em partículas de poeira no vácuo”, disse.

Para isso, a equipe trabalhou com uma câmara de vácuo ultra-alto. Ali, substratos que serviram como modelo para a superfície de partículas de poeira foram reunidos com carbono, amônia e monóxido de carbono a cerca de um quadrilionésimo da pressão normal do ar, a -263 ºC.

Durante os experimentos, a equipe detectou o amino ceteno, e observou que a natureza altamente reativa destas moléculas pode ser essencial para a ocorrência da reação; caso contrário, o processo não aconteceria por estar frio demais. Em outras palavras, isso mostra que talvez não fosse necessária uma mistura química certa para a vida florescer em nosso planeta.

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Mesmo com a alta reatividade das moléculas de amino ceteno, os resultados foram surpreendentes para os pesquisadores. “Foi uma surpresa ver que a polimerização do amino ceteno poderia acontecer tão facilmente sob condições assim”, observou o físico Serge Krasnokutski, que liderou o estudo. “Isso porque uma barreira de energia precisa ser ultrapassada para isso acontecer, mas pode ser que recebemos ajuda de um efeito da mecânica quântica”, sugeriu.

Se este for o caso, átomos de hidrogênio podem estar atravessando esta barreira, e esta possibilidade poderá ser investigada em estudos futuros. Os autores concluem que, agora que está evidente que não apenas os aminoácidos, mas também as cadeias de peptídeos podem ser formados sob condições cósmicas, os estudos sobre a origem da vida precisam ter foco não somente na Terra, mas também no espaço.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Fonte: Nature Astronomy; Via: Friedrich Schiller University, Science Alert