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Como funciona o telescópio que fotografou o buraco negro da Via Láctea?

Por  • Editado por  Rafael Rigues  | 

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EHT Collaboration
EHT Collaboration

Revelada nesta quinta-feira (12), a primeira imagem já capturada de Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo no coração da Via Láctea, foi produzida pelo projeto Event Horizon Telescope (EHT). Ele é formado por uma rede de radiotelescópios em observatórios de diferentes lugares do mundo que, juntos, formam um telescópio "virtual" quase do tamanho da Terra.

Conforme nosso planeta gira, cada um deles captura a luz emitida pela matéria que orbita ao redor do buraco negro — este, tão distante de nós que parece ter um tamanho comparável ao de uma rosquinha na Lua. Contudo, esta nuvem de matéria é visível somente em comprimentos de ondas milimétricos observados por radiotelescópios, que devem ser grandes o suficiente para detectar o sinal de rádio emitido por um objeto tão distante.

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Cada antena está preparada para capturar dados de determinada frequência de onda, e a equipe do EHT trabalhou em observações do buraco negro ao longo de anos. De posse dos dados, a interferometria (técnica que une diferentes antenas de rádio treinadas para “ver” um único objeto) foi usada para que os astrônomos pudessem capturar os detalhes de Sagittarius A* (ou, se preferir, apenas "Sgt A*").

Desafios da foto do buraco negro

A imagem é fascinante, mas é importante lembrar que ela não mostra o buraco negro propriamente dito (afinal, este é completamente escuro e não pode ser visto). O que vemos ali é o brilho do anel de material acumulado ao seu redor, o chamado "disco de acreção" e, ao centro, a sombra do buraco negro.

“Ficamos maravilhados com o quanto o tamanho do anel correspondia às previsões da Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein”, disse Geoffrey Bower, cientista de projeto do EHT.

A colaboração Event Horizon já havia feito história com a imagem do buraco negro M87*, o primeiro que conseguimos fotografar, mas tiveram que encarar novos desafios para registrar Sgt A*. Apesar de estar mais próximo, os gases orbitam o buraco negro da Via Láctea a velocidades muito maiores do que em M87*. “Isso significa que o brilho e o padrão do gás a redor de Sgr A* estava mudando rapidamente conforme o EHT o observava. Era quase como tentar tirar uma foto nítida de um cachorrinho correndo atrás de seu rabo”, explicou Chi-kwan, cientista do EHT.

O registro é o resultado de cinco anos de trabalho de mais de 300 pesquisadores de 80 institutos em todo o mundo, aliado a novas ferramentas desenvolvidas para observar Sgt A*. Agora, com duas imagens de dois buracos negros diferentes, os cientistas podem testar teorias e modelos de como o gás se comporta ao redor destes objetos, o que poderá trazer respostas importantes sobre a formação e evolução das galáxias.

Fonte: Event Horizon Telescope; Via: Phys.org