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Como as algas podem ajudar na sobrevivência de humanos em Marte?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 19 de Outubro de 2022 às 13h41

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ESA & MPS for OSIRIS Team
ESA & MPS for OSIRIS Team

Leena Cycil, geoquímica e membro da equipe da missão Mars 2020, acredita que as algas podem ser parte do “segredo” para a sobrevivência humana em Marte. Junto de Libby Hausrath, ela estuda algas extremófilas e tenta cultivá-las sob condições de pressão e luminosidade parecidas com aquelas encontradas em Marte. Até o momento, três espécies promissoras foram identificadas.

Enquanto o mundo recebeu com fascínio as primeiras fotos e dados coletados pelo rover Perseverance, que chegou a Marte no ano passado, cientistas da Universidade de Nevada, nos Estados Unidos, se debruçaram sobre os desafios para levar humanos ao Planeta Vermelho. Para a dupla, as algas extremófilas são parte importante da resposta para a empreitada, já que podem produzir oxigenio e servir de alimento.

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Estas algas são conhecidas pela habilidade de sobreviver em ambientes extremos, como montanhas geladas a alta altitude ou lagos hiperssalgados. Elas usam o dióxido de carbono (composto que forma 98% do ar de Marte) para produzir oxigênio, são comestíveis, repletas de nutrientes e se reproduzem rapidamente. E, quem sabe, podem resistir também em condições parecidas com aquelas de Marte, nutrindo os astronautas enquanto exploram os planetas.

Pensando nestas características, Hausrath e Cycil vêm estudando o crescimento das algas em uma câmara a vácuo de baixa pressão, que simula as pressões atmosféricas de Marte. A câmara tinha uma placa de vidro temperado, que permite a passagem de metade da luz em comparação com aquela que recebemos na Terra.

Elas descobriram que as espécies Dunaliella salina, Chloromonas brevispina e Chlorella vulgaris crescem substancialmente mesmo em condições extremas. “Ficamos surpresas em ver que as algas cresceram a pressões tão baixas”, disse Cycil. “Elas podem prosperar em ambientes extremos na Terra, mas a pressão atmosférica em Marte é consideravelmente menor, então estávamos céticas sobre qual seria o resultado”, finalizou.

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Agora, elas estão isolando características de cada espécie para descobrir qual combinação é mais adequada para Marte — por exemplo, ter algas que crescem em menor pressão atmosférica é mais importante que o crescimento com iluminação específica, porque a luz é mais fácil de manipular do que a pressão. "Entender as adaptações genéticas que permitem que as algas cresçam pode ajudar a projetar eventuais sistemas de suporte à vida e possíveis estufas em Marte", explicou Hausrath.

Ainda, a dupla está trabalhando com um engenheiro da NASA para determinar aplicações para os resultados que conseguiram. “Você pode comparar com as missões à Estação Espacial Internacional, que abrem o caminho para o que vemos agora na comercialização dos voos espaciais”, explicou. “Com o tempo, empresas comerciais vão levar nossa pesquisa a viagens espaciais de longo prazo e expandi-la, e com o tempo, o que sabemos vai crescer exponencialmente”, concluiu.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Frontiers in Microbiology.

Fonte: Frontiers in Microbiology; Via: UNLV