Colisão que deu origem à Lua "roubou" 60% da atmosfera da Terra, mostra estudo
Por Daniele Cavalcante |
A hipótese de que a Lua se formou através de uma colisão entre a Terra e um planeta chamado Theia ganha cada vez mais reforço, com estudos que trazem mais e mais indícios. Agora, uma nova pesquisa liderada pela Durham University, no Reino Unido, mostra uma implicação desse provável impacto: nosso mundo teria perdido aproximadamente 60% de sua atmosfera nesse evento.
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De acordo a chamada “hipótese do grande impacto”, a colisão aconteceu há mais de 4 bilhões de anos, quando a Terra ainda era um protoplaneta, ou seja, ainda estava em seus estágios iniciais de formação, mesmo que já fosse bem desenvolvida. A colisão com o planeta Theia — apelido assim em homenagem à mãe da deusa da Lua na mitologia grega — teria então arrancado uma boa parte do nosso mundo. Os detritos desse impacto teriam formado a Lua, e há muitos indícios de que as rochas lunares estão, de fato, relacionadas com a Terra.
Os pesquisadores envolvidos com o novo estudo realizaram simulações em um supercomputador para estudar as consequências que a colisão teria em nosso planeta. Como é difícil determinar como foi exatamente o grande impacto e como a Terra se parecia naquela época, eles executaram mais de 300 impactos diferentes em planetas rochosos com atmosferas finas. O objetivo era estudar algumas das consequências desse tipo de impacto de modo geral.
Como resultado, eles obtiveram uma grande quantidade de simulação de impactos entre planetas rochosos que podem ser usados por cientistas que estão estudando as origens da Lua ou qualquer outra colisão que encontrem ao observar o universo. Ou seja, eles acabaram desenvolvendo uma nova técnica de prever, em especial, a perda atmosférica através de qualquer colisão. As descobertas foram publicadas no Astrophysical Journal Letters.
De acordo com o principal autor da pesquisa, Dr. Jacob Kegerreis, do Institute for Computational Cosmology, centenas de cenários foram executados nas simulações, incluindo muitos planetas em colisão diferentes, “mostrando os impactos e efeitos variáveis na atmosfera de um planeta dependendo de uma série de fatores como o ângulo, velocidade do impacto ou o tamanho dos planetas”. Ele explica que as simulações “podem ser usadas para restringir as diferentes formas como ela [a Lua] pode ter sido formada e nos levar mais perto de compreender sua origem”.
Através das simulações, os cientistas podem saber se os planetas envolvidos nas colisões ganharam ou perderam atmosfera, simplesmente aplicando e alterando uma ou mais variáveis referentes à composição desses mundos, por exemplo. Também é possível às vezes saber se planeta seria destruído em um possível impacto. Isso é bastante útil, pois uma vez que a simulação não aponta que a proto-Terra seria destruída em uma colisão com Theia, os cientistas podem continuar trabalhando com a hipótese do grande impacto.
Fonte: Phys.org