Cientistas brasileiros encontram 28 estrelas se movendo a alta velocidade
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
Novas 28 estrelas foram descobertas viajando a altíssima velocidade da Via Láctea, e o deslocamento delas parece ter relação com fenômenos astrofísicos extremos. A descoberta foi feita por pesquisadores do Observatório Nacional, que trabalharam com dados do levantamento Javalambre Photometric Local Universe Survey (J-PLUS).
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Como o nome indica, as estrelas de alta velocidade são aquelas que viajam pela galáxia rapidamente, movendo-se a 100 km/s ou mais. Já as estrelas recém-descobertas vão ainda além deste número: elas estão se movendo a mais de 400 km/s em relação ao centro da Via Láctea.
Normalmente, estas estrelas “apressadas” estão relacionadas a fenômenos extremos, como explosões de supernovas e interações entre estrelas binárias e buracos negros, que podem acelerá-las a velocidades impressionantes. Algo do tipo aconteceu com uma estrela descoberta em 2019: ela se movia a incríveis 1.700 k/s graças a um encontro com Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo no coração da nossa galáxia.
Estas estrelas de alta velocidade foram identificadas por meio de dados fotométricos do levantamento Javalambre Photometric Local Universe Survey (J-PLUS) e de um dos catálogos de dados da missão europeia Gaia. Os autores descobriram que algumas delas parecem ter relação com as estrelas do disco galáctico.
Enquanto isso, a maioria das 28 estrelas tem comportamento e características comuns daquelas do halo da Via Láctea, uma nuvem de estrelas que cerca nossa galáxia. É possível que algumas das estrelas encontradas no halo pertençam a estruturas vindas de fusões entre a Via Láctea e galáxias anãs no passado.
Se confirmado, este cenário pode trazer informações significativas sobre as origens da nossa galáxia e do papel das estrelas para a história dela. Ainda, as novas estrelas descobertas contribuem para a compreensão de como as estrelas de alta velocidade afetam a formação e evolução da Via Láctea.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; Via: Observatório Nacional