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Centro da Via Láctea é violento como um acelerador de partículas

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Spitzer Space Telescope/NASA/JPL-Caltech/R. Hurt
Spitzer Space Telescope/NASA/JPL-Caltech/R. Hurt

Pesquisadores liderados por Pat Harding, físico do Laboratório Nacional Los Alamos, estão investigando um mistério violento na Via Láctea. A equipe descobriu que o coração da nossa galáxia abriga raios gama com mais de 100 TeV de energia, o que mostra que o centro galáctico é ainda mais energético do que se pensava.

Como não observaram diretamente os raios gama, eles trabalharam com a chamada radiação de Cherenkov. Quando os raios gama atravessam a atmosfera da Terra, eles causam uma verdadeira chuva de partículas velozes que se movem quase à velocidade da luz.

Estas partículas viajam mais rápido que a luz através da água, e emitem a radiação Cherenkov quando  a atravessam. E é esta a estrutura do observatório High-Altitude Water Cherenkov (HAWC), formado por vários silos com mais de 180 mil litros de água, instalados a 3,9 km acima do nível do mar. 

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Ao longo de sete anos de observações, a equipe detectou 100 eventos emissores de raios gama, cada um gerando mais de 100 TeV. Após analisar os dados, eles concluíram que as emissões vieram do coração da Via Láctea — o que é esperado, afinal, é ali que está o buraco negro supermassivo Sagitário A*

O titã cósmico fica a cerca de 30 mil anos-luz do Sistema Solar. Então, para os raios gama terem nos alcançado, o buraco negro precisa produzir partículas ainda mais energéticas — no caso, tais partículas deveriam estar no alcance dos Peta elétronvolts (ou PeV), que são mil vezes mais energéticos que os raios gama “comuns”.

Os prótons PeV colidem com moléculas de gás interestelar para produzir raios gama, o que sugere que deve haver alguma fonte geradora dos prótons PeV. Por enquanto, os astrônomos sabem que eles poderiam vir de fenômenos como explosões de supernova e fusões de buracos negros, mas nenhum deles explica o que foi visto.

“A pesquisa confirma, pela primeira vez, uma fonte PeVatron de raios gama de energia ultra-alta em um local na Via Láctea conhecido como a Dorsal do Centro Galáctico, o que significa que o centro é o lar de alguns dos processos físicos mais extremos do universo”, comentou Harding. Estudos futuros podem revelar o que é esta fonte misteriosa

O artigo que descreve as descobertas foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: Phys.org